O diretor Martin Provost (Séraphine, vencedor do César de Melhor Filme e Melhor Roteiro em 2009) mais uma vez embarca no mundo feminino em O Reencontro ao contar a história de duas mulheres de essências opostas, mas que têm algo em comum.
O título original consegue brincar genialmente com o jogo de palavras que, infelizmente, não foi possível de ser feito no português. Sage-Femme em francês significa “parteira”, enquanto Sage Femme significa “mulher sábia”.
Claire (Catherine Frot de Marguerite) é uma parteira que exerce sua profissão com extrema paixão. Certo dia, recebe a ligação de Beatrice (Catherine Deneuve de Repulsa ao Sexo), a ex-mulher de seu já falecido pai, e se vê de volta a um passado que ela não gostaria de reviver.
As duas personagens são muito bem desenvolvidas, enquanto Claire se mostra uma mulher que vive sua solidão e só é devota ao seu trabalho, Beatrice é uma mulher que, mesmo com a dor de seu passado e um segredo terrível, ainda encontra forças para viver a vida como quer. E é graças ao reencontro de ambas que elas tentarão resolver as pendências do passado.
A direção de Provost é leve e consegue deixar a história extremamente natural. Sua câmera acompanha as personagens de perto e a fotografia, sempre em tons claros, dá a simplicidade que um drama da vida traduz.
Os personagens masculinos da história, Olivier (Olivier Gourmet de A Garota Desconhecida) e Simon (Quentin Dolmaire de Três Lembranças da Minha Juventude) – respectivamente namorado e filho de Claire – servem apenas como suporte para a grandiosidade das duas mulheres. Enquanto Olivier faz Claire se entregar novamente à paixão e redescobrir pequenos momentos que a fazem tirá-la de sua solidão, seu filho Simon traz à Beatrice a figura de seu ex-amante, devido à grande semelhança física de ambos – a beleza da cena em que os dois se veem pela primeira vez é tocante e Deneuve mostra porque é uma das grandes atrizes do cinema francês.
Apesar do roteiro simples, que conta uma história sem grandes reviravoltas ou que já sabemos o que acontecerá em seu final, O Reencontro ganha força no sentimento que entrega. Toda a força do filme de resume na dupla Catherine e na mensagem que ele nos passa.
Ao final do filme – poético e emocionante – fica a lição de que, não importa o que houve no passado, sempre há tempo para que pessoas sábias saibam se despedir da solidão que as cega para as paixões que as cercam.
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