Dentro de toda a filmografia nacional é impossível não destacar e reconhecer a importância dos filmes dos Trapalhões. Responsável por arrastar milhões de espectadores para os cinemas, muitos destes filmes hoje em dia estão na memória do público e são tidos como clássicos pela crítica especializada. Entre eles, Os Saltimbancos Trapalhões (1981) é sempre lembrado por muitos como um dos melhores filmes do grupo, figurando inclusive na lista dos 100 melhores filmes do cinema brasileiro elaborada pela Abraccine.
Renato Aragão – grande homenageado da Comic Con Experience 2016 – pode ser considerado um ícone da cultura popular brasileira. Ao lado dos parceiros, divertiu muita gente tanto no cinema quanto na televisão. Apesar de se afastar das telonas – seus últimos filmes no final dos anos 90 não empolgaram – Renato agora retorna para o 50º filme de sua carreira, mais uma vez ao lado de Dedé Santana. Os Saltimbancos Trapalhões: Rumo a Hollywood utiliza os personagens Didi e Dedé – que fazem parte do imaginário popular ao lado de Mussum e Zacarias – para resgatar toda a memória afetiva da época dos trapalhões.
Depois de uma bem sucedida montagem apresentada nos palcos em 2014, os Saltimbancos retornam aos cinemas. Mas a nova produção não é um remake nem uma continuação do longa original, a história é parecida, mas contada de uma outra maneira. Dessa vez, acompanhamos os acontecimentos que envolvem o Circo Sumatra, que está enfrentando uma grande crise financeira. Para evitar que o local feche, o Barão (Roberto Guilherme), dono do circo, firma parceria com o corrupto prefeito da cidade (Nelson Freitas), o que pode significar o fim dos espetáculos do circo.
Porém, Didi não vai deixar isso acontecer. Com a chegada de Karina (Letícia Colin), filha do Barão, Didi, Dedé e o grupo de artistas resolve encenar uma peça baseada nos sonhos malucos de Didi que envolvem animais falantes. Essa pode ser a esperança e salvação do circo. Entretanto, se depender do prefeito picareta e do gerente do local, Assis Satã (Marcos Frota), e sua namorada Tigrana (Alinne Moraes), eles terão muito trabalho para conseguir levar o espetáculo para o público.
O roteiro de Mauro Lima mistura bem os elementos, homenageando o filme clássico e permitindo que a releitura da obra insira pontos bastante atuais como política e a proibição de animais em circos. É claro que nenhuma dessas questões é levada realmente a sério ou se aprofunde, Mauro prefere a ingenuidade dos personagens, fazendo uso do lúdico para criar uma história leve com uma atmosfera bem poética. As piadas são bastante inocentes – diferentes das vistas atualmente – mas conversam muito bem com o universo criado pelos trapalhões.
A trama exagera somente no número de personagens e não desenvolve integralmente nenhum deles, muitos não apresentam nenhuma relevância para a história, sendo apenas caricatos. As melhores cenas são mesmo o pastelão envolvendo Didi e Dedé. Mauro acerta mesmo ao explorar as canções de Chico Buarque nos bem elaborados números musicais, todos inseridos como parte integrante da narrativa.
O diretor João Daniel Tikhomiroff – diante de tanta nostalgia – consegue se conter e não abusa do tom emotivo que inevitavelmente faz parte da produção. Ao não abusar do saudosismo, o diretor consegue agradar novas plateias, da mesma forma que arrancará lágrimas dos fãs mais antigos com a tocante sequência final.
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