Review | Planeta dos Macacos: A Guerra

Poucas vezes um reboot é visto com bons olhos. A franquia Planeta dos Macacos que iniciou em 1968 rendeu cinco filmes e uma série para a TV até Tim Burton fazer um remake em 2001 que não foi bem recebido por crítica e público.

Em 2011, o diretor Rupert Wyatt (O Escapista), até então desconhecido e sem grandes projetos na carreira, assumiu a direção do filme Planeta dos Macacos: A Origem que trouxe novos ares à franquia, sendo bem aceito, o que deu esperança para as sequências.

Em 2014, o mais conhecido Matt Reeves (Cloverfield – Monstro) conseguiu com Planeta dos Macacos: O Confronto fazer um ótimo filme de ação que a franquia até então não tinha (a premissa de A Batalha do Planeta dos Macacos de 1973 se assemelha bastante à deste, porém é mal executada). O resultado mais uma vez foi satisfatório, sendo assim, ele foi mantido para dirigir o encerramento desta nova trilogia em Planeta dos Macacos: A Guerra.

Neste filme acompanhamos mais uma vez a jornada de Caesar (Andy Serkis da trilogia O Senhor dos Anéis) que sonha em levar seus semelhantes para um lugar mais seguro onde os humanos não poderão ameaçá-los, porém um conflito com um exército de soldados liderados por um impiedoso Coronel (Woody Harrelson da franquia Jogos Vorazes) poderá fazer com que ambas espécies sejam erradicadas do planeta de uma vez por todas.

Reeves consegue trazer neste terceiro capítulo toda a essência da franquia, algo que não havia sido tão explorado nos filmes anteriores. Além das referências ao clássico de 68, Reeves nos presenteia com ótimos diálogos, repletos de filosofia sobre a índole humana e também a dos símios, principalmente de Caesar, que se vê assombrado pelo fantasma de Koba.

Os filmes anteriores da franquia sempre foram calcados na questão de o ser humano ser uma espécie repleta de preconceito e ódio, destruidora não só de si própria, mas também do planeta e outras espécies.

Caesar, neste filme, age muito como Moisés (interpretado por Charlton Heston em Os Dez Mandamentos de 1956 que, curiosamente, também já atuou na franquia), um líder que quer salvar seu povo e guia-los à terra prometida, mas que encontra um oponente inescrupuloso em seu caminho. Toda essa alegoria exibida no filme é muito bem desenvolvida e concluída de forma extremamente eficaz, dando ao filme uma carga épica emocionante.

O trabalho de desenvolvimento de personagens é incrível, acompanhamos um bom número deles – entre macacos e humanos – e conseguimos captar e entender todos seus dramas e questionamentos, enquanto vemos suas evoluções conforme a trama se desenrola. O Coronel de Woody Harrelson é um ótimo exemplo, mesmo com pouco tempo de tela, seu diálogo com Caesar é de uma força impressionante, num tom em que sentimos todo o fardo que ambos trazem consigo.

Por falar em força, apesar da palavra “guerra” no título do filme – e algumas pessoas podem se decepcionar com isso – aqui o foco não é na batalha em si. Ainda que tenha algumas boas sequências de ação onde o CGI é eficaz, a trama se desenvolve muito mais pelo lado dramático do que pelo lado da guerra em si. De qualquer forma, ela está lá.

Planeta dos Macacos: A Guerra consegue encerrar a trilogia de uma maneira convincente. Seu final é poético e Caesar entra para o hall de grandes personagens do cinema.

 

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Angelo Cordeiro

Paulistano do bairro de Interlagos e fanático por Fórmula 1. Cinéfilo com obsessão por listas e tops, já viram Alta Fidelidade? Exatamente, estilo Rob Gordon. Tem três cães: Johnny, Dee Dee e Joey, qualquer semelhança com os Ramones não é mera coincidência, afinal é amante do bom e velho rock'n'roll. Adora viajar, mas nunca viaja. Adora futebol, mas não joga. Adora Scarlett Johansson, mas ainda não se conhecem. Ainda.

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