Review | Prey

Muitos anos se passaram desde o primeiro Prey, em 2006, e a sua tão esperada sequência, Prey 2 – que nunca chegou a ver a luz do dia – que, em 2014, foi cancelada pela Bethesda, detentora dos direitos da marca desde aquele ano. No entanto, 11 anos após o primeiro título da franquia, chega ao PC, PS4 e Xbox One, Prey. Desta vez, das mãos da Arkane Studios, produtora dos jogos da série Dishonored (que na verdade, é a menor das fontes de inspiração desta nova roupagem para Prey), o título de 2017 tem muito mais de Bioshock e Deus Ex.

Em Prey você acompanha as dúvidas e dilemas vividos por Morgan Yu, que pode ser tanto homem quanto mulher de acordo com a escolha do jogador. Yu se vê preso na estação espacial Talos I após descobrir que foi cobaia de um experimento que utilizava tecnologia e biologia alienígena na tentativa de aprimorar cada vez mais os humanos (lembrou Bioshock?). A partir daí, seu dever é explorar a incrível e imensa Talos I a fim de descobrir toda a verdade sobre o aconteceu por ali e, principalmente, com você.

Prey aborda muitos aspectos da ficção científica aliada ao terror. Em muitas ocasiões, você se sentirá em um filme da série Alien, com corredores e infinitas salas em que o perigo pode estar a cada esquina. E é nesta aposta imersiva que Prey consegue contar uma boa história por meio de diversos recursos como livros, bilhetes, registros de áudio e e-mails que você encontra durante a sua exploração pela Talos I.

Em destaque, estão as histórias paralelas à sua missão principal, que são bem amarradas ao mundo apresentado e demonstram a vida que existia na Talos I antes de tudo ir por água abaixo. São relatos de relacionamento, amor, paixões, amizades e traições que ajudam a fazer da estação espacial a verdadeira protagonista do jogo.

Ao caminhar pela Talos I, não é difícil perceber o esmero que a Arkane depositou na construção de cada sala e corredor da estação espacial. Tudo ali realmente parece ter sido abandonado às pressas. Nos detalhes, você passa a conhecer um pouco de cada personagem e funcionário que ali esteve, são brincadeiras com a construção de uma arma de brinquedo (e a divertida discussão para dar nome à criação) ou então fichas de personagens de RPG que cientistas da estação participavam regularmente. Muitas destas histórias geram missões que, além de interessantes e não darem a impressão de destoarem da narrativa principal, influenciam na história do jogo, de acordo com a decisão tomada em cada uma delas.

Além da temática da ambição humana, que recorre muito a Bioshock, Prey também é inspirado massivamente em Deus Ex, com a proposta de liberdade de ação e exploração, abusando da verticalidade dos cenários, recurso muito bem aproveitado com  uma inventiva arma que possibilita a construção de “plataformas”. São inúmeras formas de se solucionar um puzzle ambiental, seja alcançando uma escotilha próxima ao telhado, hackeando painéis ou até mesmo se transformando em algum objeto pequeno para atravessar frestas – uma das muitas habilidades disponíveis na árvore de habilidades do personagem.

Apesar de tudo, Prey não se safa de problemas. O pior deles está em sua mecânica de combate. Pouco precisa e interessante, ela apenas frustra os jogadores que demoram a se acostumar com as possibilidades existentes. Além disso, a dificuldade sempre presente, principalmente com relação à escassa munição existente no jogo, pode também afastar aqueles mais tradicionais e que não gostem de arriscar e experimentar as opções dadas (tardiamente, sim, mas dadas).

Além disso, Prey sofre com uma quebra de ritmo gritante em seu ato final. Até ali, o jogo se destacava por oferecer cadência, te colocando em combate mas dando a oportunidade de se fazer o que mais deve ser feito na Talos I: explorar. No entanto, após certo episódio, já na reta final da narrativa principal, a escalada crescente de inimigos faz com que a magia da exploração se perca e o jogador priorize se safar rapidamente dos perigos, passando pelos locais sem poder entrar naquela sala que agora ele consegue, já que possui habilidade necessária para tal. Para finalizar, o rastreamento de missões também é problemático, sumindo sem razão aparente em algumas missões paralelas, impedindo o jogador de prosseguir sem que perca horas preciosas tentando adivinhar qual é o painel necessário para liberar tal ferramenta.

 

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Este review foi produzido com um código cedido pela assessoria de imprensa da Bethesda no Brasil.

Rodrigo Gatti http://www.nerdinterior.com.br

Jornalista que não faz mais jornal. Nem é tão nerd, já que sabe até dançar. Lembra com avidez da época em que alugava De Volta para o Futuro nas famigeradas locadoras. Filho da era 16 bits, tem saudade do tempo em que sua maior preocupação era saber se o combustível do carro vermelho em Top Gear iria durar até o final da corrida. Hoje, seu maior problema é pagar contas com o salário de jornalista.

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