Review | Quatro Vidas de um Cachorro

O diretor sueco Lasse Hallström, conhecido por dramas como Gilbert Grape – Aprendiz de Sonhador e Querido John, retorna ao mundo canino após o sucesso de Sempre ao Seu Lado. Em seu novo filme, acompanhamos as Quatro Vidas de um Cachorro e sua busca por um sentido em sua existência entre tantas idas e vindas.

Baseado no livro de W. Bruce Cameron – que também assina como roteirista – o filme se envolveu em uma polêmica poucos dias antes de seu lançamento, por conta de um vídeo que mostra o cachorro-ator sendo forçado a cair em uma piscina com ondas artificiais. Após um rápido corte, podemos vê-lo submergindo da água enquanto as pessoas correm para ajudá-lo.

Um dos produtores enviou um comunicado à imprensa informando que as coisas não foram bem assim e achou estranho o vídeo vazar apenas agora e não antes, já que o filme fora gravado no final de 2015. A produtora Amblin abriu uma investigação sobre o ocorrido e cancelou a première mundial após diversos protestos da PETA (People for the Ethical Treatment of Animals) e outras organizações de proteção aos direitos dos animais. Felizmente, no filme, a cena não é tão chocante como é no vídeo vazado, mas é sim desconfortável relembrar o ocorrido durante a sequência.

Contando com Dennis Quaid como ator mais consagrado no elenco, Lasse Hallström faz aqui talvez o trabalho mais insosso entre seus filmes mais conhecidos. A produção já tem uma fórmula pronta e apesar de tentar fugir dos clichês de um drama envolvendo cães, não há muita escapatória, ainda mais quando já sabemos que veremos pelo menos três mortes do cachorro graças ao seu título traduzido e à sinopse oficial.

Das quatro vidas de Bailey (primeiro nome dado ao cão), a primeira é, sem dúvida, a mais interessante, pois vemos não só o desenvolvimento e formação de sua “personalidade”, como também a de seu primeiro dono, acompanhando desde sua infância até o início da fase adulta, enquanto enfrenta dramas familiares. As duas vidas seguintes não agregam nada à personalidade do cão, servindo apenas para termos mais ação e emoção, enquanto o cão pergunta qual o seu propósito ali. A última vida serve para encerrar o filme da maneira que já esperávamos que fosse acontecer.

Apesar de contar com um tema praticamente espírita, com foco nas reencarnações de um cachorro, o filme não inova em nada e provavelmente passará despercebido e será esquecido, não só devido à polêmica envolvendo os maus tratos, mas também devido ao resultado final: é bonitinho, engraçadinho, mas muito fácil, feito para arrancar nosso choro em cenas pontuais, e só.

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Angelo Cordeiro

Paulistano do bairro de Interlagos e fanático por Fórmula 1. Cinéfilo com obsessão por listas e tops, já viram Alta Fidelidade? Exatamente, estilo Rob Gordon. Tem três cães: Johnny, Dee Dee e Joey, qualquer semelhança com os Ramones não é mera coincidência, afinal é amante do bom e velho rock'n'roll. Adora viajar, mas nunca viaja. Adora futebol, mas não joga. Adora Scarlett Johansson, mas ainda não se conhecem. Ainda.

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