Review | Resident Evil Revelations

Resident Evil é uma das séries que eu mais aprecio na história dos videogames. Ela resgata memórias incríveis na minha infância/adolescência, do tempo em que boletos não eram uma preocupação. Lembro como se fosse ontem. Sentado na frente do Compaq que meu pai havia comprado como o primeiro PC da família, explorando aquela claustrofóbica mansão do primeiro jogo. Lembro ainda, alguns anos depois, eu e meu amigo Douglas jogando o segundo título da franquia no Nintendo 64 dele (sim, joguei o Resident Evil 2 no console da Nintendo) e nos assustando com os malditos cachorros que estouravam as janelas. Para mim, Resident Evil sempre foi um jogo de que possuía seu ritmo próprio. Ele sempre soube quando deixar o jogador eufórico e quando era a hora de tirar o pé do acelerador. E Resident Evil Revelations, cuja versão para PS4 e Xbox One foi lançada recentemente, é um resgate ao meu tempo despreocupado de criança.

Lançado em 2012 para Nintendo 3DS, o sucesso do jogo foi tamanho que ele ganhou, no ano seguinte, versões para Xbox 360 e PlayStation 3. Agora, em 2017, mesmo sem grandes mudanças, chegou para a nova geração de consoles. Ele narra a história do suposto desaparecimento de Chris Redfield e de sua parceira Jessica enquanto estavam a bordo do Queen Zanobia no Mar Mediterrâneo. Começando na pele de Jill Valentine e de seu parceiro Parker, o jogador conhece, episódio por episódio, a série de eventos e reviravoltas que os levaram até ali.

A versão 2017 de Resident Evil Revelations traz ainda o modo Raid, um modo de jogo em que você precisa percorrer um trajeto específico – sozinho ou com um parceiro em co-op – e matar inimigos para ganhar itens, bônus e dinheiro para comprar mais itens.

Em Resident Evil Revelations você não joga com um ou dois personagens, mas sim com vários. Essa foi uma das novidades que, lá em 2012, fez o título se destacar e algo que continua tornando-o um Resident Evil único. Muito disso se dá pelo seu formato episódico, que conversa muito bem com o estilo de como a história é contada e fortalece aquelas jogatinas rápidas de uma hora, que são frequentes na nossa vida adulta. O esquema episódico permite ao jogador dosar a sua experiência conforme tem tempo disponível para jogar. Mesmo se ficar muito tempo sem jogar, assim que você carrega seu jogo um previously on Los…. Resident Evil aparece e relembra a você o que aconteceu na história até aquele ponto.

Como ponto negativo, mesmo mais bonito – com visuais em HD e taxa de animação melhorada – do que as versões anteriores, Resident Evil Revelations ainda não possui um esmero gráfico condizente com a nova geração de consoles e isso pode afastar alguns jogadores mais exigentes que ainda não conheçam o jogo. Principalmente nas cenas em computação gráfica, a falta de capricho nas texturas e expressões faciais é perceptível.

Apesar de bom em seu todo, o título não começa bem, pecando principalmente quando precisa apresentar as mecânicas básicas de jogabilidade, como é o caso do uso do Gênesis, uma espécie de escâner de material biológico que os personagens podem utilizar em algum momento. Há uma “missão” específica para introduzir o aparelho, mas falta mostrar como fazer e quais os benefícios de utiliza-lo. Depois de apertar todos os botões você acaba descobrindo como usar e, usando, você acaba descobrindo para que utilizar.

Ao mesmo tempo em que o Genesis é o protagonista de um ponto negativo, ele, juntamente com a câmera no ombro, muito próxima do personagem, é um dos maiores responsáveis pelo clima de tensão predominante no jogo. Ao escanear uma criatura, você recebe uma porcentagem específica de análise (se a criatura foi escaneada viva, você recebe mais). A cada ciclo de 100% seu personagem ganha um item de cura. Essa mecânica é uma grande aliada à tensão proporcionada pelo combate contra os inimigos, já que faz os jogadores ponderar se compensa ganhar mais pontos com a análise ou focar em eliminar aquela ameaça rapidamente. O Genesis também permite que você encontre itens ocultos pelos cenários. É uma ajuda e tanto quando a munição da sua arma preferida está quase acabando. O único problema é que esta prática reduz o ritmo de jogo, já que você vai se sentir obrigado a rastrear cada cenário, de ponta a ponta, na esperança de encontrar algo.

Um fator que distancia Resident Evil Revelations dos jogos mais clássicos da série é a facilidade com que conseguimos gerenciar os itens no inventário. Lembra aquele quebra cabeça para fazer caber tudo no espaço que você tinha disponível? Ele não existe mais. A vantagem é que tudo fica mais simples (você pode carregar cinco itens de cura e pronto), no entanto, a desvantagem é que o jogo não permite mais um gerenciamento mais complexo, quando você priorizava o que gostaria de carregar a mais nos seus espaços.

A mesma facilidade é apresentada no gerenciamento das armas disponíveis para seus personagens. Aqui, você pode mudar de equipamento nos já conhecidos baús espalhados pelos cenários e, além disso, inserir peças que melhoram atributos como dano, frequência de tiros, entre outros. Mas o grande diferencial é que estas peças são intercambiáveis, ou seja, você pode retirar e recolocar nas armas quantas vezes achar necessário.

Ao final, não é difícil afirmar que Resident Evil Revelations, com sua trama cheia de reviravoltas e com uma jogabilidade que transfere a tensão na medida certa, merece sim ser sempre revisitado pelos jogadores, tanto aqueles que já passaram pela experiência nas outras versões, quanto para aqueles que, desde Resident Evil 4 (e antes de Resident Evil VII), estavam órfãos de um bom Resident Evil.

 

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Este review foi produzido com uma cópia para Xbox One cedida pela assessoria de imprensa da Capcom.

 

Rodrigo Gatti http://www.nerdinterior.com.br

Jornalista que não faz mais jornal. Nem é tão nerd, já que sabe até dançar. Lembra com avidez da época em que alugava De Volta para o Futuro nas famigeradas locadoras. Filho da era 16 bits, tem saudade do tempo em que sua maior preocupação era saber se o combustível do carro vermelho em Top Gear iria durar até o final da corrida. Hoje, seu maior problema é pagar contas com o salário de jornalista.

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