Review | Rise & Shine

Eu estive sentado em frente ao computador pensando como eu começaria este review de Rise & Shine. Pensei por alguns minutos (muitos na verdade) e resolvi que eu deveria começar já tirando esse elefante branco da sala e falar que este jogo, desenvolvido pela Super Awesome Hyper Dimensional Mega Team (ótimo nome, aliás) e publicado pela Adult Swim Games, me causou tamanha frustração que eu desisti, até mesmo, de insistir em tentar matar o chefe final do jogo. Mas vamos falar mais disso lá na frente.

Antes disso, uma contextualização. Rise & Shine é um shooter sidescrolling 2D em que você encarna o jovem Rise, um pequeno garoto que recebe a missão de carregar uma importante arma, a Shine – que dá poder de ressuscitação infinita ao seu portador- em uma jornada para salvar Gamearth de uma ameaça inimiga. Gamearth, o mundo em que você vive, é cheio de referências ao universo dos videogames. Não é difícil encontrar durante a jogatina alusões a Mario, Zelda, Portal, Pac-Man, Metal Gear Solid, Gears of War e, até mesmo, Flappy Bird, tanto em texto, como visuais. E por falar em texto, a história é despretensiosa, mas possui bons diálogos que, com certeza, arrancarão alguns sorrisos de você.

Em segundo lugar, mas não menos importante, o que também chama atenção em Rise & Shine é a sua beleza. Gamearth é um lindo cenário cheio de cores vivas e néons que consegue, mesmo assim, transmitir o caos e a destruição que a invasão dos seres de Nextgen está causando no mundo. Tudo é intensamente detalhado, proporcionando um ambiente único e belo.

Apesar da boa primeira impressão, os problemas do jogo começam assim que você detém o controle de Rise e sua arma mágica. Tudo acontece porque Rise & Shine não conhece a máxima “menos é mais”. Com uma pegada de bullet hell, é um título em que você irá morrer muito, portanto acostume-se. No entanto, Rise & Shine aposta em implementar funcionalidades ao estilo que, digamos, não casam muito bem, mas que não são de todo ruim.

A primeira delas são os diferentes tipos de munição e suas vertentes que podem ser utilizadas. Shine pode atirar balas normais e elétricas e, dentro de cada uma das opções, você tem outros três tipos de tiros: o normal, o teleguiado e o explosivo. A proposta é interessante, principalmente quando o objetivo é abordar diferentes tipos de inimigos (robôs são mais vulneráveis a balas elétricas, por exemplo) e também para resolver os puzzles existentes. No entanto, ao oferecer pouco tempo de raciocínio ao jogador no meio do combate, dada a quantidade de balas que voam em sua direção em alguns momentos, você mal tem chance de variar as munições. Eu mesmo passei a maior parte do jogo usando a munição normal, sem variação alguma.

Rise & Shine também complica quando o assunto é realizar a ação que você mais efetua durante a história: atirar. Na tentativa de implementar um sistema de cobertura – ou como eu gosto de chamar, jogo de murinho – a produtora com nome excelente deixou Rise com pouca liberdade de ação durante o tiroteio e, ainda por cima, te faz realizar o comando de empunhar a arma, segurando um gatilho, para só então poder atirar, uma bala por vez (você não consegue segurar o botão de tiro para as balas voarem sem parar, por exemplo). Para piorar, o modo de mira, feito com o analógico direito, não possui precisão e prejudica muito.

Mas enfim, depois de morrer muitas e inúmeras vezes, você chega na fase final e, neste momento, não há beleza e texto divertido que te façam sorrir. Neste estágio, a dificuldade do jogo, que nunca foi fácil, mas até ali trazia um nível de desafio razoável, sofre uma escalada gritante e você se vê preso a uma horda final de inimigos que irão te massacrar, te pisotear e te chamar de trouxa até eles, e você também, não aguentarem mais. Um rodízio eterno de frustração.

Depois de muito se frustrar e se achar o pior jogador do planeta, você finalmente vence a horda e caminha 10 metros adiante para se deparar com o chefe final do jogo. E claro, como é a sua primeira vez enfrentando-o, a batalha dura uns 30 segundos e você morre. E qual é a sua surpresa ao notar que, ao ressuscitar, o jogo te coloca para aturar a horda dos infernos novamente. Sim amigo, você vai passar mais uma vez pela lamúria e desgraça que acabou de se safar!

Esse tipo de penalidade pode parecer o máximo para os jogadores mais masoquistas, no entanto, só torna o final do jogo anticlimático e destoante do que foi até ali, mesmo com os problemas apontados mais acima. No final, a impressão que fica é que Rise & Shine tentou fazer muito e, por isso, errou na mesma quantidade.

 

Este review de Rise & Shine foi produzido com um código de review de Xbox One disponibilizado pela Evolve.

Rise & Shine está disponível para Xbox One e PC.

 

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Rodrigo Gatti http://www.nerdinterior.com.br

Jornalista que não faz mais jornal. Nem é tão nerd, já que sabe até dançar. Lembra com avidez da época em que alugava De Volta para o Futuro nas famigeradas locadoras. Filho da era 16 bits, tem saudade do tempo em que sua maior preocupação era saber se o combustível do carro vermelho em Top Gear iria durar até o final da corrida. Hoje, seu maior problema é pagar contas com o salário de jornalista.

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