A segunda temporada de Ruptura acabou na última sexta-feira, dia 21, e já virou trend topic no Brasil (dividindo o topo com Beleza Fatal) e no mundo (concorrendo com a 3ª temporada de The White Lotus…).
De uma alegoria da alienação do trabalho na primeira temporada a série ampliou seu arco, explorando mais o conglomerado Lumon e suas verdadeiras intenções com o Refinamento de Macrodados a que Mark (Adam Scott), Irwing (John Turturro), Dylan (Zach Cherry) e Helly (Britt Lower) dedicam suas horas no escritório.
Além disso, a descoberta de que Gemma (Diechen Lachman), a esposa falecida de Mark, era a psicóloga Sra. Casey gera numa nova dinâmica entre o Mark externo e interno, cujo clímax acontece no derradeiro episódio.
Com sequencias surrealistas e mirabolantes, esta segunda temporada ganha toques do recém-falecido David Lynch, que adorava sequencias surrealistas, como em Twin Peaks, e o sarcasmo em relação a símbolos do American Way of Life, como o bairro suburbano de Veludo Azul. Esse ano, Ruptura nos deu o departamento das cabras comandado por Gwendoline Christie – a eterna Brienne of Tarth, cuja escalação é justificada no último episódio – ; a enigmática adolescente Srta. Huang (Sara Bock) e a maravilhosa banda de desfile (outra instituição americana) no final, comandada por Milchick (Tramell Tillman). Aliás, nesta temporada este ator conseguiu mostrar muito mais de seu talento, a partir do momento em que seu personagem – chamado jocosamente de Milkshake – assume a supervisão do andar Ruptura. Ao mesmo tempo em que tenta se diferenciar do estilo autoritário da sua antecessora Cobel (Patrici Arquette, praticamente atriz convidada nesta season 2), tem que suportar humilhações da parte da direção, que vão desde presentes de gosto duvidoso a uma avaliação idiota, para dizer o mínimo. Mas quando dança, não tem para ninguém.
Se na primeira temporada, praticamente só víamos a vida externa de Mark, agora vemos a família de Dylan, com sua esposa Gretchen (a ótima Merrit Weaver de Inacreditável), conhecemos mais a fundo a herdeira Helena Egan, mas o arco do outie Irwing acaba sendo decepcionante. Ele, que parecia ser um espião infiltrado na Lumon, acaba sumindo da história de forma abrupta, depois de um jantar com seu ficante na Lumon, Burt (Christopher Walken) e seu marido fora da empresa, Cecil (John Noble, de Fringe).
A dupla Hellen/Helly de Britt Lower deve render um Emmy à atriz. Sutis mudanças no olhar e gestos marcam as personalidades da innie e da outie, primeiro nos episódios iniciais até ela ser desmascarada na “maior cachoeira do mundo”; mas deixando todo mundo em dúvida na última cena. Se ela ficou assustada após o sucesso de Ruptura em 2022, a ponto de viver um período num circo, agora, a fama será ainda maior, já que muito mais pessoas passaram a ver a série e sua personagem ganhou dimensões ainda maiores.
Que a primeira temporada foi superior é uma certeza, mas esta segundo abre caminhos intrigantes. A terceira temporada já está confirmada e John Turturro já disse que estará de volta. Como a Lumon reagirá à revolta dos innies e a perda de Cold Harbor, que descobrimos o que é, mas não para o que? Acho que Gemma vai conseguir fugir e deve tentar resgatar Mark com a ajuda de Devon, a irmão vivida por Jean Tullock, e possivelmente pela própria Cobel, que se revelou muito mais que uma ex-gerente ressentida.
Sem greves de roteiristas e atores no caminho, esperamos que esta respostas não demorem os três anos entre a primeira e a segunda temporadas.
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