Review | Shadow Warrior 2

A década de 90 viu efervescer uma onda de jogos de tiro em primeira pessoa, os populares FPS (first-person shooter), especialmente no PC. Teve título pra tudo quanto é gosto: Wolfesntein, Quake, Unreal, Half Life, Doom, Duke Nukem e muitos outros. Mas houveram também alguns nomes menos conhecidos, dentre os quais, Shadow Warrior – produzido pela 3D Realms, mesma desenvolvedora do Duke Nukem 3D. Era um jogo que, além de disponibilizar uma variedade bem grande de armas para o jogador, permitia que o player fatiasse seus inimigos com uma katana. Mas com gráficos ultrapassados para a época (1997) e em meio a tantas outras franquias mais famosas, o título fez jus ao seu nome e ficou nas sombras.

Mas em 2013 a Flying Wild Hog resolveu reapresentar o título para os novos jogadores, e fez um reboot muito bem recebido pela crítica. Buscando aprimorar o divertido jogo daquele ano, a desenvolvedora trouxe o guerreiro ninja desbocado Lo-Wang para mais uma aventura ensandecida nos PCS em 2016, e agora em 2017 Shadow Warrior 2 é publicado pela Devolver Digital também para o PlayStation 4 e Xbox One.

A mecânica de jogo aqui é simples, mas nem por isso menos divertida: nos moldes dos bons e velhos FPS, você tem à sua disposição um vasto arsenal para acabar com as criaturas do mal – até rimou, Lo-Wang ficaria orgulhoso. São armas simples, duplas, metralhadoras, facas, arco e flecha, escopetas e a tradicional katana. Cada uma permite um tipo de jogabilidade diferente – para quem prefere um approach mais violento, tem armas de curto alcance; já pra quem prefere resolver as coisas à distância, tem também muitas opções pra explodir a cabeça dos inimigos sem que o sangue deles espirre em você. E todas essas armas podem ser “evoluídas” durante o game, pois adquirem pontos de experiência conforme vão sendo usadas na matança.

E violência não falta no game – são decapitações, amputações, monstros fatiados, cortados ao meio, sangue jorrando pra todo lado, tudo isso temperado com muito humor negro, que em parte vem do protagonista do game, o já famoso nesse texto Lo-Wang. Um andarilho beberrão, mas cheio de habilidades ninjas, ele gosta de cantarolar, tirar sarro, falar palavrão e até mandar alguns gestos obscenos durante a jogatina.

Os controles são aquele velho padrão para os games de tiro: você corre, pula, dá uns pulos duplos, escala paredes, troca de armas e tudo mais. É tudo bem fluído, embora no início os controles para a mira pareciam estar sensíveis demais e dificultaram um pouco a hora de mandar pras cucuias algumas criaturas infernais. Mas nada que alguns ajustes não resolveram.

Ainda em se tratando de tecnicidades do game, as legendas em português estão bem interessantes, traduzindo e adaptando para nós o linguajar desbocado com o qual Lo-Wang se comunica. E em parceria com a trilha sonora bacana – e bem canastra – fazem do som mais um item que “joga” a favor do jogo.

Muito embora não seja um game de mundo aberto como muitas pessoas anseiam, SW2 oferece uma boa gama de escolhas durante o jogo, ao menos com relação a maneira e os caminhos com que se atinge os objetivos principais do jogo. O que contribui e muito com isso, e com o fator replay do game, é o fato dele ser gerado proceduralmente, ou seja, a cada nova partida, inimigos e caminhos para os pontos chave do jogo são gerados aleatoriamente.

E toda essa intensidade e diversão são ampliadas no modo multiplayer online do game, que tem um modo cooperativo onde cada jogador encarna Lo-Wang, mas vê seus parceiros e inimigos como outros ninjas aleatórios quaisquer.

Como pontos negativos do game, posso destacar a história, que é um pouco boba demais, mas que tem a seu favor o fato de nunca se levar a sério, sempre tendo a consciência de que tudo envolvendo roteiro aqui é uma grande galhofa – e quem é que não adora uma bela farofada, não é mesmo?

Os gráficos também deixaram um pouco a desejar se comparados com outros jogos do gênero, e mesmo com a versão para PCs lançada no ano passado. Parece que faltou um pouco mais de esmero, em especial com o design de boa parte dos personagens do game – muitos dos NPCs parecem ter sido feitos só para “compor elenco”, meio que às pressas. Além disso, alguns pequenos bugs aqui e ali também apareciam e incomodavam um pouco.

Mas não dá pra tirar os méritos da Flying Wild Hog: Shadow Warrior 2 é divertido como poucos jogos do gênero têm sido hoje em dia (justamente por tentarem se levar a sério demais). Se você não vê problema nenhum numa belíssima matança desenfreada, off ou online, este é o seu título.

Shadow Warrior 2 estará disponível para Xbox One e PlayStation 4 nesta sexta-feira, dia 19, e comprando o Shadow Warrior Collection, além deste segundo jogo da renovada franquia, você ganha um download do primeiro Shadow Warrior, de 2013.

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Este review foi produzido com uma cópia para PlayStation 4 gentilmente cedida pela Devolver Digital.

Alexandre Fernandes

Pai do Yuri Rafael, sou só um cara de meia idade que reclama bastante, mas não ao ponto de perder o bom humor. Nostalgia é meu sobrenome, e sim: gosto muito de cultura pop, filmes, séries, música, animes e mangás, videogames e tudo isso aí que faz um nerd. Mas não sou nerd, eu juro.

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