Antes de tudo, preciso avisar: nunca fui fã das chamadas séries médicas, que se passam dentro de hospitais e relatam o dia da dia destes profissionais. Porquê? Em primeiro lugar, não acompanhei Plantão Médico no Brasil e sempre achei Grey’s Anatomy ‘romântico’ demais. Se algum me encantou, foi House. Porém, mais pelo ‘carisma’ do personagem do que qualquer outra coisa.
Ainda assim, resolvi dar uma chance a The Pitt, disponível na Max, plataforma de streaming da HBO. Aqui surgia uma paixão: esperar os novos episódios toda quinta-feira, com uma necessidade ímpar de saber o que aconteceria no fictício Pittsburgh Trauma Medical Hospital.
Cada um dos 15 episódios de The Pitt mostra uma hora de um fatídico dia no pronto-socorro mais agitado de Pittsburgh. Mas 15 horas? Calma. Não darei SPOILERS (acho deselegante), mas posso dizer que toda equipe médica precisará destas 15 horas para vencer um turno bastante traumático.
Traumas
No centro do pronto-socorro está o Dr. Michael ‘Robby’ Robinavicth, que lidera a equipe médica enquanto tenta se curar do trauma de perder seu mentor para a Covid-19. O personagem é interpretado por Noah Wyle, que integrou o elenco de Plantão Médico e é conhecido por seus trabalhos na TV norte-americana.
A série foca também em seu grupo de residentes, formado por Mohan (Supriya Ganesh), sempre preocupada com os pacientes; McKay (Fiona Dourif), uma mãe solteira que trabalha de tornozeleira eletrônica; Collins (Tracy Ifeachor), que vive uma gravidez traumática; e Langdon (Patrick Ball), um excelente médico com problemas éticos, digamos assim.
Este grupo ganha o reforço das estudantes Santos (Isa Briones), King (Taylor Dearden) e Javadi (Shabana Azeez), além do interiorano Whitaker (Gerran Howell), que são boas adições para enfatizar os desafios da área médica. Outro destaque é a recepcionista Dana, vivida por Katherine LaNasa, uma mãezona para todos do pronto-socorro.
Collins e Langdon encaram seus dramas enquanto salvam vidas
Casos
The Pitt começa devagar, revelando um pouco mais de seus personagens, mas logo os casos de emergência que começam a chegar revelam mais do dia a dia dos médicos e enfermeiros. A pluralidade das ocorrências também chama atenção e envolvem até mesmo crianças, no episódio mais impactante para este que vos escreve.
Aliás, tal episódio só é superado pelo desfecho desta primeira temporada, que envolve um atentado – e é só isso que falaremos. Além dos casos envolvendo a prática da medicina, os médicos convivem com problemas sociais e precisam definir até que ponto intervir. Questões morais e éticas são discutidas por toda a série.
Porém, o que mais me chamou a atenção foram os limites. Seja do ponto de vista ético, como já disse, seja por falta de materiais, ou mesmo pela extensão do turno e a responsabilidade que tomam para si para salvar vidas. O tempo todo, estes profissionais são testados e levados ao limite.
Por fim, li por aí alguns questionamentos sobre os casos e a medicina aplicada a eles. Não assisti The Pitt querendo me tornar médico ou enfermeiro, mas para acompanhar os dramas daqueles que vivem na linha de frente e personificam a linha tênue entre a vida e a morte. É aqui que reside a principal qualidade da série, que já tem uma segunda temporada confirmada.
E para encerrar, uma curiosidade: The Pitt é produzida por R. Scott Gemmill e John Wells, roteirista e produtor, respectivamente, de Plantão Médico. Talvez eu devesse ter assistido.
Javadi e Whitaker enfrentam o caos em seu primeiro dia de trabalho