Review | The White Lotus (HBO Max)

Mal acabou o Emmy 2021 e muitos já colocam The White Lotus no páreo para a premiação do ano que vem. A minissérie criada, escrita e dirigida por Mike White (Dawson’s Creek) foi tão bem recebida que deve virar uma série de antologia, como a finada Maldição da Residência Hill/Mansão Bly, já que a HBO anunciou uma nova temporada.

Tudo acontece num resort de luxo no Havaí, frequentado por milionários servidos por funcionários mal pagos e explorados, como em muitos similares em paraísos naturais brasileiros. O nome da série do hotel, White Lotus, vem de uma combinação do poema Lotus Eaters, de Alfred Lord Tennyson (recitado por um personagem a certa altura da série, e do próprio sobrenome do showrunner.

Os núcleos dos hóspedes são formados pelo casal Patton, Shane (Jake Lacy, de Rampage: Destruição Total) e Rachel (Alexandra Daddario, de True Detective); a família Mossbacher, a matriarca Nicole (Connie Britton, de Bela Vingança), o pai Mark (Steve Zahn, de Sahara), a filha Olivia (Sidney Sweeney, de Objetos Cortantes) com a amiga Paula (Brittany O’Grady, de Star) e a solteirona Tanya (Jennifer Coolidge, mais conhecida como a M.I.L.F. de American Pie).

A equipe principal dos funcionários é formada pelo gerente Armond (Murray Bartlett, de Punho de Ferro), a massoterapeuta Belinda (Natasha Rothwell, de Insecure) e o atendente nativo Kai (Kekoa Kekumano, que fez o jovem Arthur em Aquaman).

A ideia seria mostrar as frivolidades e mesquinharias dos podres de ricos, emolduradas pela belíssima paisagem havaiana valorizada por uma fotografia de technicolor. A música e o som das ondas também são engenhosamente usados para criar uma sensação de ebulição dos sentimentos reprimidos, prestes a explodir.

Contemporâneo

A série explora diversos temas contemporâneos, como a sexualização e objetificação da mulher na personagem Rachel; a postura de superioridade moral das jovens que leem Nietsche, Freud e Camille Paglia, enquanto se comportam como adolescentes mimadas; a relação de poder entre o casal em que a mulher é a provedora e o marido acaba de descobrir um grande segredo sobre o próprio pai; e a ricaça carente que usa o dinheiro como manipulação. Tudo muito bem produzido, fotografado e musicado.

O problema são justamente os personagens previsíveis e sem empatia. Dá para adivinhar o destino de quase todos, e não nos importamos com nenhum deles. Mesmo o crime anunciado no início é decepcionante, e o desfecho, sem graça.

De um modo geral, achei pretensiosa, com objetivos muito ambiciosos para um resultado mediano, sem falar de algumas crateras no roteiro. Mas, por enquanto, é uma aposta de premiação para 2022.

Marcos Kimura http://www.nerdinterior.com.br

Marcos Kimura é jornalista cultural há 25 anos, mas aficionado de filmes e quadrinhos há muito mais tempo. Foi programador do Cineclube Oscarito, em São Paulo, e técnico de Cinema e Histórias em Quadrinhos na Oficina Cultural Oswald de Andrade, da Secretaria de Estado da Cultura.

Programa o Cineclube Indaiatuba, que funciona no Topázio Cinemas do Shopping Jaraguá duas vezes por mês.

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