Tem alguns tipos de artistas que são a personificação daquela máxima do “ame ou odeie”. Sem meio-termo mesmo. Seja na música, na literatura, até nos games – sim Kojima, estou falando de você. E sim, eu te amo.
Nos cinemas não é diferente, e um dos casos mais notórios é o de Adam Sandler, um dos nomes mais conhecidos, lucrativos e prolíficos da comédia norte-americana e mundial. Não tem como, você já assistiu algum filme dele, e deve ter amado – ou odiado. Essa é a tônica de sua carreira.
Entre as obras que o nem sempre tão multifacetado ator nos entregou, alguns “clássicos” como Click, O Paizão, Como se Fosse a Primeira Vez, Little Nick, Gente Grande e Hotel Transilvânia – sim, ele e sua trupe emprestam as vozes para a animação, sucesso absoluto com meu filho aqui em casa.
Há ainda espaço para filmes mais sérios, onde o ator pode apresentar uma “nova cara”, quando se entregou e garantiu excelentes performances, como no caso de Jóias Brutas e Reine Sobre Mim.
Se você não sabe, inclusive, Sandler tem um contrato com a Netflix, para a qual tem produzido uma série de filmes exclusivos nos últimos anos. Daí saiu o ótimo Jóias Brutas, que lhe rendeu uma indicação ao Oscar, e uma série enorme de bombas.
A mais nova oferta dessa parceria revive um dos filmes mais venerados (cabe utilizar esse termo aqui?) do ator, um clássico da Sessão da Tarde. Lançado no último dia 25 de julho, Um Maluco no Golfe 2 nos leva de volta aquele universo de besteirol, apresentado originalmente há 26 anos, quando o primeiro filme saiu.
Eu tenho que admitir: o original me divertiu demais. E essa sequência, como se sai? Nasce um clássico, vale a pena ser vista ou é mais uma agressão audiovisual?
Um Maluco no Golfe e outro maluco na poltrona
Por mais que eu queira, e eu nem quero, não há muito o que dizer sobre esta sequência. Embora não tenham o mesmo charme, despretensão e níveis de diversão exageradamente bobas do primeiro filme, Um Maluco no Golfe 2 diverte bastante. Especialmente se você embarcou naquela viagem que era o original.
A história é bem simples, como era de se esperar. Happy Gilmore, ex-campeão de golfe esquentadinho vivido por Adam Sandler, está aposentado dos gramados. No entanto, devido a necessidade de bancar os estudos de sua filha em uma escola de dança, ele se vê forçado a retomar o esporte, que hoje vem sofrendo algumas interferências tecnológicas que podem acabar com a forma que o conhecemos.
Esse mote simples serve de impulso para algumas gags bastante típicas, mas bastante simpáticas até. A família de Gilmore é engraçada – seus filhos bobalhões roubam a cena sempre que aparecem.
São reunidos alguns novos coadjuvantes e até mesmo algumas reaparições temperam o filme. Aliás, Christopher McDonald, como Shooter McGavin, personagem antagonista do primeiro longa, ressurge e brilha, em um papel odiável e igualmente engraçado.
Aliás, no quesito aparições especiais, vale citar o bom desempenho do cantor porto-riquenho Bad Bunny, que estreia no cinema, e a rápida – e muito divertida – participação do rapper Eminem.
Sinceramente, eu nem nem sei mais o que dizer deste filme, além de que: se você gostou do original, essa volta àquele universo vale a pena. Mais do que uma nostalgia, há momentos divertidos que fazem as quase duas horas do filme valerem a pena.
Quando tenta se levar mais a sério, apostando em uma carga dramática que não havia no filme de 99, a coisa dá uma leve escorregada. Mas nada que alguns homens com cerca de 60 anos de idade se ofendendo feito adolescentes, enquanto jogam um golfe inimaginável, não nos faça relevar.
Um Maluco no Golfe 2 está disponível na Netflix.