A HBO estreou neste domingo a série Watchmen, inspirada na clássica graphic novel de David Gibbons e Alan Moore, que não é creditado por se recusar a fazer parte dessas adaptações de suas obras. A trama se passa no mesmo universo da HQ, mas 30 anos depois. As mudanças promovidas por Zack Snyder no filme de 2009 são ignoradas.
O filme começa com referências históricas reais do estado do Oklahoma: o delegado federal Bass Reeves (segundo algumas teorias, inspiração do Lone Ranger, conhecido no Brasil como o Zorro do Tonto), o massacre de Tulsa em 1921 (quando a Ku Klux Klan, a Guarda Nacional e racistas atacaram e destruíram um próspero bairro de população afro-americana, matando perto de 300 pessoas) e o musical Oklahoma!, de Rodgers & Hammerstein II, normalmente interpretado por um elenco branco. Essas referências dão o tom da série, centrada na questão racial.
Após sofrer ataques de supremacistas brancos denominados 7ª Kavalaria (que usam máscaras como a do Rorschach, o anti-herói psicopata que tem um pé no Batman e outro em Taxi Driver), a polícia decide ocultar as identidades de seus integrantes, que passam a atuar mascarados para sua segurança e de seus familiares. Há os tiras uniformizados e outros que assumem uniformes e identidades especiais, tornando-se super-heróis oficiais. Um deles é Angela Abar (Regina King, Oscar de Coadjuvante por Se a Rua Beale Falasse), que atua com o codinome Sister Night.
Enquanto os guardas comuns tem que ter autorização especial para usar armas letais, os super-heróis de distintivo chutam portas, colocam suspeitos no porta-malas e os interrogam no velho estilo “sala de massagem”, muito conhecido no Brasil. Isso sob um governo federal liberal comandado há décadas pelo ator Robert Redford (uma ironia, já que no nosso mundo, o ex-galã hollywoodiano tornado presidente foi o reacionário Ronald Reagan).
Paralelamente, enquanto o mundo o acredita morto, Adrian Veidt (Jeremy Irons, outro vencedor do Oscar), o Ozymandias, arquiteto do plano que evitou o Holocausto Nuclear, vive isolado em um castelo servido por estranhos serviçais (robôs?) enquanto escreve uma peça chamada O Filho do Relojoeiro, easter egg para o Doutor Manhattan, único personagem com superpoderes no mundo de Watchmen. Aliás, os “ovos de Páscoa” se espalham por este primeiro episódio, que ainda nem teve a aparição de outro herói original, Jude Blake, a Silk Spectre, que será vivida por Jean Smart (Legion e Frasier, que, se não tem Oscar, tem três Emmy).
Outros nomes conhecidos do elenco são Don Johnson, que ficou famoso em Miami Vice, mas cujo último trabalho mais conhecido foi como o fazendeiro KKK em Django Livre; e Louis Gosset Jr., primeiro ator afro-americano a vencer o Oscar de Ator Coadjuvante, em 1982.
A primeira impressão é promissora. Com esse elenco estelar, o showrunner Damon Lindelof (Lost e The Leftlovers) e uma total reverência ao material criado por Moore e Gibbons há mais de 30 anos. Mais uma aposta da HBO para ocupar o vazio deixado no coração dos fãs, após o final de Game of Thrones.
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