* Este review contém spoilers
Quando The Amazing Adventures of Captain Spirit foi apresentado mundialmente pela primeira vez há poucos dias na conferência da Microsoft na E3 2018 com a frase “No mesmo universo de Life is Strange…”, uma mistura de sensações veio à tona. Em primeiro lugar, empolgação por finalmente ver algo novo, uma continuação desse fantástico jogo. Em segundo, a desconfiança, por notar que no trailer nada se via a respeito da jovem Max, protagonista do título original, mas sobre Chris, um menino de 10 anos de idade que utiliza sua imaginação para se tornar o super-herói Capitão Spirit. Somente agora, minutos depois de terminar o jogo, posso afirmar: toda desconfiança foi superada e a expectativa por Life is Strange 2 está maior do que nunca.
O jogo é, na verdade, uma espécie de capítulo bônus, um aperitivo para os fãs da série terem o primeiro contato com Life is Strange 2 – que será lançada em setembro – e está disponível para download gratuitamente para Xbox One e PlayStation 4 e PC desde segunda-feira, dia 26 de junho.
A história começa no quarto de Chris, onde o jogador assume o controle do garoto e faz sua primeira escolha na história: o traje que será utilizado pelo super-herói. As escolhas, inclusive, assim como era em Life is Strange, estão presentes em todo o jogo – embora dessa vez a percepção seja de que as escolhas não têm grande impacto no rumo da trama. Após escolher o traje, começamos a aprender um pouco mais sobre o garoto explorando o quarto, conhecendo seus brinquedos, seus objetos, fotografias, e mais. Enquanto o jogador explora esse ambiente é apresentado ao outro personagem principal da história, o pai de Chris, que demonstrando irritação e ordena ao garoto que saia do quarto para tomar café. É aí que a história de uma criança inocente e criativa começa a se transformar em uma história triste e cheia de conflitos, como é a marca de Life is Strange.
Foi nesse momento que comecei a perceber todo o potencial que essa história tem dentro do que se espera da série, reconhecida por abordar temas polêmicos e controversos. Descobrimos de uma só vez que além de órfão de mãe, o menino ainda tem que lidar com um pai problemático, alcoólatra, desempregado e agressivo. A fachada de um jogo de criança logo foi substituída pela empolgação de se explorar e descobrir tudo a respeito da história.
Em termos de jogabilidade, As Iradas Aventuras do Capitão Spirit repete a fórmula do título original. Perspectiva em terceira pessoa, exploração do cenário, interação com objetos, diálogos, escolhas e uma mecânica de superpoder. Enquanto Max Caufield podia alterar o tempo em Life is Strange, ainda não fica claro qual vai ser o superpoder de Chris, que por enquanto consegue apenas fingir que utiliza o poder da mente para resolver problemas e interagir com a cena quando, por exemplo, finge ligar a televisão, mas tem o controle remoto escondido na outra mão.
O jogador tem oito objetivos para resolver. Embora não seja obrigatória a solução de todos os itens para ver o final da história, é altamente recomendado passar pelos desafios, pois é cumprindo as etapas que se aprende mais sobre a vida do jovem e seu pai, além de ser recompensado por momentos e cenas que misturam os mais variados sentimentos, coroados com uma trilha sonora excelente. Estes objetivos são: encontrar as partes necessárias para criar a fantasia do capitão Spirit; encontrar um tesouro escondido; destruir o boneco de neve no quintal; derrubar uma pilha de latas vazias; desbloquear o celular do pai para conseguir jogar; vencer o monstro do quartinho escuro; encontrar e reunir a equipe do capitão e viajar até o planeta do vilão em sua nave.
Cada um desses objetivos está repleto de imaginação da criança, mas conta com elementos de realidade para compor a cena. Ao cumprir esses objetivos, o jogador vai descobrir detalhes importantes sobre o garoto e sua família, por exemplo, como era a relação dos pais, como a mãe do garoto morreu, o contato sem sucesso que o avô tenta estabelecer, o talento para o basquete e a popularidade do pai na época do colégio, assim como os problemas do homem com a polícia, desemprego, baixa autoestima, falta de dinheiro e a tentativa frustrada de não culpar o garoto pela morte da esposa, enquanto tenta ser um bom pai.
A história termina em ponto que, na verdade, parece ser o início do novo jogo. Não está claro ainda se essa vai ser apenas mais uma história em Life is Strange 2 ou a trama principal, com o jogo todo em torno dessa família. Embora compreensível dentro da proposta, se o jogo tem um problema é a sua curta duração. Mas com certeza isso foi feito de maneira proposital pelos desenvolvedores, para cativar o público e aumentar a hype do novo título.
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