A Netflix lançou recentemente a série Away, uma superprodução que tem no elenco a duas vezes oscarizada Hilary Swank (Melhor Atriz por Meninos Não Choram e Menina de Ouro). É uma ficção-científica sobre uma primeira viagem a Marte, mas que divide a trama entre os desafios da jornada espacial e os dramas pessoais dos astronautas.
A produção é cuidadosa e a dramaturgia bem executada, auxiliada pelo ótimo e diversificado elenco que tem ainda o americano Josh Charles (The Good Wife), a chinesa Vivian Wu (estrela de Peter Greenway em O Livro de Cabeceira), o afro-americano Ato Essandoh (que curiosamente também faz um afrodescendente judeu em Chicago Med), o ucraniano Mark Evanir (Homeland), o indo-britânico Ray Panthaki (Marcella), a americana latina Monique Gabriela Curnen (a detetive Ramirez de Batman: O Cavaleiro das Trevas) e a jovem Talitha Eliana Bateman (Com Amor, Simon). O criador do show é Andrew Rinderaker, com passagens como escritor por Penny Dreadful, Pure Genius e El Camino.
Num futuro muito próximo, uma missão rumo a Marte é organizada com esforços conjuntos dos Estados Unidos, China, Rússia, Índia e, aparentemente, uma União Européia ainda com o Reino Unido. A tripulação espelha essa coalizão, e nos primeiros episódios, parece refletir as velhas paranoias da Guerra Fria.
Mas a série, embora focada da família da protagonista e comandante Emma Green (Hillary), dá espaço e tridimensionalidade a todos os demais tripulantes, algo que justifica o formato.
A própria Netflix tem no catálogo outra série semelhante chamada Marte (mas só uma das duas temporadas produzidas e exibidas nos EUA), que em comparação parece uma peça publicitária do Space X de Elon Musk, cuja ação se passa com os astronautas já instalados e explorando as possibilidades do Planeta Vermelho.
Sem teletransporte
Away foca nas dificuldades técnicas e emocionais da longa, cara e arriscada jornada. O ritmo aparentemente lento é para refletir o que é uma viagem espacial interplanetária de verdade, sem hyperdrive ou teletransporte, e também o que isso representa para as pessoas que partirão para essa longa jornada sem passagem de volta garantida.
À exemplo dos anos 60, quando a Corrida Espacial inspirou Star Trek (1966-69), Os Primeiros Homens na Lua (um filme de 1964 inspirado em H.G. Wells, hoje pouco conhecido) e culminando com 2001- Uma Odisseia no Espaço (de 1968 e ainda hoje, o maior filme de ficção-científica já realizado), atualmente a perspectiva de uma viagem a Marte tem levado a diversas produções explorando essa possibilidade, com destaque para Perdido em Marte (2015).
Esta nova produção original da Netflix pretende abrir essa questão para um público mais diversificado que os habituais nerds, oferecendo momentos lacrimogênicos como This Is Us, drama adolescente com cara de A Culpa é das Estrelas, e aquela esperança humanista de que um desafio desse porte faça a humanidade esquecer suas diferenças e se unir em torno de um gigantesco objetivo comum.
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