A nova série da Netflix, Cursed – A Lenda do Lago, chegou cheia de expectativas. Primeiro, por ter a grife Frank Miller, segundo, por ser uma nova abordagem da lenda do Rei Arthur. Também chamava a atenção a presença de Katherine Langford, famosa por Os 13 Porquês (13 Reasons Why). Infelizmente, é muito ruim.
Aliás, espanta-me que um produto de qualidade tão baixa tenha sido não só aprovada, mas promovida como um novo Game of Thrones (risadas sarcásticas). Já no que deveria ser o piloto, o primeiro episódio, há uma cena de ataque a uma vila que é digna dos antigos filmes dos Trapalhões, e isso não melhora muito à medida que a história avança.
A direção de atores também não ajuda e a cenografia e figurinos também são bastante questionáveis. Um desastre de execução. O roteiro, por sua vez, patina em situações erráticas que não contribuem nem para a história, nem para o desenvolvimento dos personagens.
Com isso, o que se pretendia ser uma abordagem feminista e multiétnica de uma das lendas mais famosas do Ocidente, acaba sendo um amontoado de situações bobas, atuações medíocres, figurinos e cenografia pobres e sem imaginação.
Atenção
Com alguma atenção, é possível identificar qual era a intenção de Miller e do escritor Thomas Wheeler ao recontar a história da Távola Redonda do ponto de vista de Nimue (Katherine Langford), uma garota do povo feérico (termo que se refere a seres míticos do folclore anglo-saxão). Quem conhece as lendas sabe que esse é um dos nomes da Dama do Lago, a fada que dá a Arthur a espada Excalibur, que é o objeto de desejo de todos na série.
Ao contrário de outras versões para o cinema, que não especificam o período histórico, este é explícito em se localizar no tempo durante as Cruzadas e a incursões vikings, mais ou menos no século XI. A intenção é fazer da perseguição cristã ao paganismo uma metáfora do enfrentamento atual do sectarismo contra a pluralidade. Pena que é primário e rasteiro.
Diversos outros personagens do Ciclo Arturiano aparecem em Cursed de forma muito diferente, como o próprio Arthur (Devon Terrell, que fez o papel de Barack Obama em Barry), sua irmã Morgana (Shalom Brune-Franklin, de Line of Duty), o mago Merlin (Gustav, um dos muitos irmãos Skargärd, que fez também Vikings), o cavaleiro Gawain (Matt Stokoe, de Jamestown), o rei Uther Pendragon (Sebastian Armesto, de Poldark) e – oh, my! – Lancelot.
Apesar de terminar com o já manjado gancho para uma segunda temporada, acho que a produção vai se juntar a outras recentes tentativas frustradas de trazer de volta Arthur – casos de Rei Arthur: A Lenda da Espada (2017) e O Menino que Queria Ser Rei (2019) – cuja lenda diz que ele retornaria no momento de maior perigo para a Inglaterra. Vai longe o tempo de Excalibur (1981), com uma sedutora Helen Mirren como Morgana, um jovem Liam Neeson incorporando sir Gawain e um desconhecido ator shakespeariano chamado Patrick Stewart numa ponta.
Resumindo: ruim demais, só terminei os dez episódios para escrever este review.
[wp-review id=”14501″]
+ Ainda não há comentários
Add yours