Após Alien: Romulus ter ressuscitado a franquia dos xenomorfos em 2024, a série Alien: Earth estreou este ano cercada de expectativas. E elas foram cumpridas… em parte.
Tendo como showrunner Noah Howley, das ótimas Fargo e Legião, a produção retoma o visual retro-futurista do filme original de 1979. Aliás, na primeira cena do primeiro episódio você chega a achar que está revendo o clássico de Ridley Scott, com a tripulação acordando do sono criogênico, o comandante entrando na sala do computador Mãe, tudo recriado à perfeição.
Há uma mudança fundamental, no entanto: enquanto a Nostromo carrega seu Oitavo Passageiro inadvertidamente, essa nova espaçonave está retornando à Terra cumprindo exatamente com a missão de trazer espécimes alienígenas com potencial de virar algum tipo de arma para a Weyland-Yutani.
Ao mesmo tempo, no planeta dominado por cinco mega-corporações ao invés de nações, o CEO da Prodigy, o Boy Kavalier (Samuel Blenkin), está desenvolvendo a tecnologia de transferir consciências humanas para corpos sintéticos.
Para isso, usa como cobaias crianças com doenças terminais, entre as quais Marcy, que em seu novo invólucro é batizada como Wendy (Sidney Chandler, a Chrissie Hynde da série Pistol, sobre os Sex Pistols), a mais velha dos Garotos Perdidos de Peter Pan.
Ela desenvolve capacidades de manipular controles online para acompanhar o irmão mais velho Joe (Alex Lawther, de Andor), um médico de campanha que acha que a caçula morreu.
Os outros híbridos, como são chamados, são Slightly (Adarsh Gourav, de O Tigre Branco), Curly (Erana James, de The Wilds), Nibs (Lily Bewmarh, de Emerald City), Smee (Johnathan Ajayi, de Missão Suicida).
Eles são monitorados pela psicóloga Dame Sylvia (Essie Davis, de |Moça com Brinco de Pérola), seu marido cientista Arthur (David Rysdal, de Sem Saída), e principalmente pelo sintético Kirsh (Timothy Elephant, de Era Uma Vez em Hollywood, irreconhecível).
Ciborgue
Enquanto isso, na nave que retorna à Terra, os espécimes escapam, inclusive um xenomorfo, matando a tripulação, com exceção do chefe de segurança Morrow (Babou Ceesay, de Raça e Redenção), um ciborgue que tem como missão levar a carga para a sua firma a qualquer custo.
A espaçonave cai justamente numa cidade da Prodigy, despertando a cobiça de Kavalier, que envia suas tropas para vasculhar os destroços.
Wendy descobre que o irmão foi destacado para a missão e pede para ser mandada para lá também. Mais curioso que precavido, Kavalier permite que suas seis preciosas unidades atuem na operação.
Até o episódio 5, que é um flashback dos acontecimentos que fizeram com que a espaçonave caísse na região de Prodigy, a coisa vai bem, tanto pela construção dessas crianças colocadas em corpos adultos e superpoderosos quanto pelas intrigas e extracorporativas, centradas na determinação de Morrow em recuperar a preciosa carga para seus empregadores, já que é a única coisa que lhe resta na vida.
Sem falar nas matanças do xenomorfo, que é o que a gente quer ver. Entre as novas criaturas perigosas, destaque para o parasita olho de lula, que deve se destacar mais à frente.
Daí em diante a coisa desanda, principalmente porque as respostas não são respondidas ao final dos oito episódios. Aliás, a temporada acaba em um cliffhanger (recurso narrativo que cria ansiedade e expectativa), o que não é um problema. Errado é não concluir NENHUMA de suas linhas narrativas.
O último episódio é francamente frustrante, com os personagens reunidos à espera do que só deve acontecer na segunda temporada. Esperar sabe-se lá quanto tempo pelas respostas não é inteligente, porque com a quantidade de informações que nos é impingida pela vida e consumo digital, ninguém se lembra mais do que aconteceu antes nas séries.
Nos tempos da TV aberta, em no máximo um ano revíamos nossos personagens e histórias favoritas. Hoje esperamos de dois a três anos, se não houver uma greve em Hollywood. Nesse aspecto, Alien: Earth poderia ter fidelizado seu público com um final mais conclusivo e instigante… e não tão decepcionante.