Review | Avatar: O Último Mestre do Ar (Netflix)

Uma das produções mais aguardadas da Netflix para este começo de ano era a adaptação live action de Avatar, o amado desenho animado da Nickelodeon, que ganhou o subtítulo O Último Mestre do Ar para se diferenciar da franquia de James Cameron.

Havia uma grande preocupação pela saída do projeto dos criadores originais e por causa da infeliz versão cinematográfica de M. Night Shyamalan, lançada em 2010.

Por isso, houve um esforço para evitar uma das maiores acusações contra o filme, que foi o whitewashing, ou a escalação de atores caucasianos para papéis de outras etnias, no caso, asiáticos, já que, embora americana, a animação se passa num pano de fundo da cultura do Extremo Oriente e é inspirada nos animes.

Os temores infelizmente se confirmaram: Avatar: O Último Mestre do Ar ficou muito aquém ao original e dá para entender as “diferenças criativas” que fizeram Michael Dante Di Martino e Brian Konietzko deixarem a produção. Mas é muito ruim? Se você não conhece o original, pode ser que não.

Já de cara vemos uma diferença criativa: a série não começa no encontro de Aang (Gordon Cormier, muito parecido com o desenho) com Katara (Kwawentiio) e Sokka (Ian Ousley) – como na animação e no filme de Shyamalan – mas quando o Avatar ainda convivia com os outros dobradores de ar, cem anos antes. Isso dá à narrativa maior linearidade, mas tira parte do charme da história.

Mas esse não é o principal gap. Em animação, evita-se facilmente um dos problemas do live action, que é a canastrice, coisa que uma boa direção de atores pode dar conta. Não é o caso. As atuações exageradas e falta de carisma arruínam qualquer tentativa de emular o encanto que a animação criou e continua criando, graças ao streaming.

Entretanto, se desconsiderarmos a comparação com o original – e muitos dos clientes da Netflix devem estar entre os que o fazem – ou dermos um bom desconto, a série não é, nem de longe, a pior coisa que a plataforma produziu. Ok, One Piece é um caso de adaptação de desenho animado bem-sucedido, mas quantos mais?

Avatar: A Lenda de Aang, como a animação passou a ficar conhecida, é um caso em que tudo deu certo, uma história com começo, meio e fim, ao contrário de muitos animes intermináveis.

A química foi tão única que nem seus produtores conseguiram reproduzi-la: a continuação, A Lenda de Korra, é de uma sensaboria impressionante.

Mesmo com uma recepção ruim por parte da crítica – inclusive aqui – a audiência pode muito bem justificar uma segunda temporada. Confesso que, apesar dos pesares, bem gostaria de ver a versão live action de Toph, a dobradora de Terra cega, que só aparece na segunda temporada da animação. É uma das melhores e mais carismáticas personagens de Avatar.

Marcos Kimura http://www.nerdinterior.com.br

Marcos Kimura é jornalista cultural há 25 anos, mas aficionado de filmes e quadrinhos há muito mais tempo. Foi programador do Cineclube Oscarito, em São Paulo, e técnico de Cinema e Histórias em Quadrinhos na Oficina Cultural Oswald de Andrade, da Secretaria de Estado da Cultura.

Programa o Cineclube Indaiatuba, que funciona no Topázio Cinemas do Shopping Jaraguá duas vezes por mês.

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