A terceira temporada de Black Mirror já está dando o que falar. Disponível na Netflix desde a última sexta-feira, dia 21, já vem sendo bastante comentada nas principais redes sociais.
Aliás, o primeiro episódio, Nosedive, tem tudo a ver com redes sociais. Dirigido pelo conhecido Joe Wright (Orgulho e Preconceito, Anna Karenina e Desejo e Reparação), a história se passa numa sociedade onde as pessoas possuem médias que vão de 0 a 5, oriunda de notas que elas recebem de qualquer pessoa com a qual elas interagem. É bem simples, você vai à padaria comprar um pão e é bem atendido, dá 5 estrelas para o padeiro. Posta uma foto do seu café da manhã, as pessoas te avaliam. Vai ao cinema e compra uma pipoca murcha, dá nota 5 ao pipoqueiro, certo? Afinal, você também está interessado nas 5 estrelas que ele irá te dar de volta. Alguém fez alguma coisa errada no trabalho ou colégio? Junte todos os colegas vis e cruéis e deem nota baixa para cair a média dele. Deu pra sacar, certo?
A trama gira em torno de Lacie, a linda Bryce Dallas Howard (ótima, diga-se de passagem), uma fútil e sorridente moça que se encontra num dilema: precisa entregar seu apartamento onde atualmente mora com o irmão e, para isso, vai atrás de nova morada e encontra a casa de seus sonhos que, infelizmente, foge de seu orçamento. Ela descobre que as pessoas com média acima de 4,5 ganham um bom desconto na aquisição do imóvel, porém sua média é de 4,2 mas, por um acaso do destino, uma antiga colega de infância, rica, linda, com média 4,8 e prestes a casar, Naomie (Alice Eve), a convida para ser dama de honra em seu casamento. É a oportunidade de ouro para que Lacie consiga aumentar sua média, afinal irá interagir com convidados de médias excelentes. Tudo bastante superficial, inclusive, há uma cena em que as duas fazem uma videoconferência que é de dar vergonha alheia, pois fica escancarada a frivolidade de ambas.
A trama se desenrola até o fatídico casamento e os questionamentos acerca dessa futilidade e exposição vêm à tona. O que Lacie faz e desfaz em nome dos 4,5 de média é de deixar qualquer pessoa com sã consciência, no mínimo, revoltada e até mesmo com dó da moça.
Existem ainda alguns detalhes técnicos que nos ajudam a perceber o grau desta sociedade sonhadora, que é toda a estética e fotografia do episódio, com seus tons claros e suaves e a organização de tudo, o episódio realmente parece um grande sonho, um conto de fadas da Disney, o popular comercial de margarina com sorrisos fáceis.
Este episódio é, até aqui, o que tem a crítica mais direta à nossa sociedade atual pois, apesar dos recursos tecnológicos que as pessoas possuem (elas podem ver as médias das outras pessoas apenas de olhar para elas, a mesma é refletida em sua retina), estamos vivendo esta mesma onda de avaliações em redes sociais – exatamente como o episódio entrega – e tudo apenas por trocas e para tentar adquirir certo status social ou contatos de pessoas populares.
Quantas vezes não nos pegamos compartilhando fotos de um prato de um restaurante caro apenas pelas curtidas que receberíamos? Ou até mesmo começamos a seguir aquela pessoa que era popular na época de colégio só pra ver se ela nos segue de volta?
Será que não estamos dando valor demais para coisas ou pessoas que não nos agregam nada e deixando o que realmente importa de lado? Mais um episódio genial desta série que veio para gerar ótimos debates.
E você, o que achou? Comente abaixo e deixe sua opinião sobre o episódio!
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