Após algum tempo de indefinição pós-parceria com a Netflix, a Marvel/Disney – leia-se Kevin Feige – resolveu incluir o Demolidor de Charlie Cox no Universo Cinematográfico Marvel, o que aconteceu no cameo de Homem-Aranha: Sem Volta para Casa, em 2021.
O Rei do Crime de Vincent D’Onofrio havia reaparecido na série Gavião Arqueiro, no mesmo ano, e o reencontro dos dois era muito aguardado pelos fãs.
Por ser a primeira série do Homem Sem Medo a estrear na Disney+, Demolidor: Renascido não está sendo chamada de quarta temporada, apesar de retomar os acontecimentos das três anteriores. O Rei do Crime também é atingido pelos desdobramentos de Gavião Arqueiro e Eco. Daqui para a frente, SPOILERS.
Já no primeiro episódio, já temos um evento impactante que terá consequências fundamentais no restante da temporada: a morte de Foggy Nelson (Elden Henson) pelas mãos do Mercenário (Wilson Bethel, de Vício Inerente).
Se Matt Murdock se transforma no Demolidor após o assassinato de seu pai pelo crime organizado, o ataque do inimigo psicopata é visto como uma vingança contra o escritório de advocacia que ajudou a condená-lo. Com isso, o advogado e herói cego decide abandonar o uniforme de diabo.
Um ano se passa, e seu maior inimigo, o Rei do Crime, volta à cena, agora com o objetivo de se tornar prefeito de Nova York. Os dois personagens carregam a trama e o encontro entre eles neste início é um dos pontos altos. Ambos chegam a um acordo: Matt não volta a patrulhar Hell’s Kitchen e Wilson Fisk se compromete a abandonar o crime. É óbvio que isso não vai funcionar.
Enquanto tenta se focar na sua vida de advogado, Matt se vê envolvido com casos em que o sistema jurídico não consegue fazer justiça, principalmente a social, e tem o ótimo monólogo do homem preto preso por roubar uns petiscos de um mercado, mas que acaba jogado no contexto da trama.
Já o caso em que Hector Ayala, identidade secreta do vigilante Tigre Branco, é acusado de matar um policial é de uma inverossimilhança jurídica de dar pena. O detalhe triste é que foi o último trabalho do ator Kamar de Los Reyes, que morreu de câncer em 2023.
Isso mudou o roteiro, já que ele é executado logo após o julgamento? Vai saber. O que importa é que o assassinato de Ayala põe o advogado-herói relutante na cola do Justiceiro (Jon Bernthal), e o encontro dos dois vale o episódio.
Prefeito
Eleito, o prefeito Fisk tem como programas principais resgatar uma área degradada dos portos de Nova York e a eliminação dos vigilantes. Para cumprir primeiro objetivo, ele tem que resolver arestas com seus antigos associados do crime organizado e convencer a elite bem-nascida a investir no projeto.
Quanto ao segundo item, Fisk reúne o que há de pior no NVPD para criar seu esquadrão da morte.
Enquanto o demônio se agita dentro de Matt, ele se envolve com a psicóloga Heather Glenn (Margarita Levieva, da boa série The Deuce), que nas HQs é uma herdeira mimada e uma das mais longevas namoradas do Homem Sem Medo.
Ela acaba virando terapeuta do casal Wilson e Vanessa Fisk (Ayelet Zurer, que fez Anjos e Demônios) e também do jovem e perturbado Bastian (Hunter Doohan, de Wandinha), que é o serial killer Muso.
Aliás, a facilidade com que personagens que fizeram algum barulho nas páginas das comic books são descartados na série é um escracho. Parece aquela cena da X-Force de Deadpool 2…
Para completar a bagunça, o Mercenário consegue fugir e tenta matar Fisk, mas quem acaba levando o tiro é Matt (para quem conhece o assassino dos quadrinhos, o cara que mata com cartas de baralho errar um rifle com mira telescópica, é de lascar…), e ele acaba deduzindo que foi Vanessa quem mandou matar Foggy.
Tudo isso para chegarmos a um desfecho no último capítulo, que, se não fosse pelos consolidados Justiceiro, Demolidor, Wilson Fisk e – vá lá, Karen Page (Deborah Ann Woll) – ele não se justificaria, já que acaba inconclusiva para a continuação já anunciada.
Se esperávamos a reunião dos Defensores, ou pelos menos dos relevantes Jessica Jones e Luke Cage, vemos Matt convocando diversos personagens secundários que apareceram ao longo dos nove episódios.
Enfim, se você não é fã do universo das séries da Netflix/Marvel e das atuações de Charlie Cox, Vincent D’Onofrio e Jon Bernthal nos respectivos personagens, assistir Demolidor: Renascido e sua continuação não se justifica. Como estou nessa categoria, vi esta e verei a farofa vindoura. Fazer o quê?