Review | Magnatas do Crime (Netflix)

A Netflix lançou semana passada a série Magnatas do Crime, de Guy Ritchie, que rapidamente alcançou o primeiro lugar na lista de mais assistidos da plataforma. Com todos os méritos: ela é dinâmica, esperta e traz o cineasta inglês em sua zona de conforto que é o submundo do crime inglês.

A série se passa no universo do longa de 2019, de mesmo nome, em que um traficante americano radicado na Inglaterra (Matthew McConaughey) aluga propriedades da nobreza para plantar e processar maconha. Está disponível no Prime Video e é um dos melhores filmes de Ritchie nos últimos anos.

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Na série da Netflix, o protagonista é um aristocrata, o oficial Eddie Horniman (Theo James, de The White Lotus), que herda o título de duque e a propriedade de seu recém-falecido pai, porque este deserdou o filho mais velho, Freddy (Daniel Ings, de Love Sick), um viciado em drogas e jogos.

O novo duque é abordado por Susie Glass (a mezzo-brasileira Kaya Scodelario, da franquia Maze Runner), que pagava milhões a seu pai para que ele deixasse que sua família cultivasse maconha no subterrâneo da fazenda. Eddie topa manter o acordo por enquanto, por conta de uma dívida de Freddie com violentos gangsters locais.

Procedural

Apesar de ter um plot central, que é a tentativa de Eddie se livrar do esquema de Susie, ao mesmo tempo que vai se envolvendo cada vez mais nos negócios dos Glass (e desenvolvendo uma química com Susie), a série é procedural, com uma trama fechada a cada episódio.

O elenco traz ainda Joely Richardson (de 101 Dálmatas e Sandman) como Lady Sabrina, mãe de Eddie e Freddy; Giancarlo Esposito (Breaking Bad) fazendo o que sabe fazer melhor, ou seja, um mafioso sutil e ameaçador; Ray Winstone (Indiana Jones e a Caveira de Cristal) como Bobby, pai de Susan; e o parceiro de longa data de Guy Ritchie, Vinnie Jones, num papel diferente do habitual capanga que viveu a partir de Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes.

Ritchie dirige os dois episódios iniciais, e dá para sentir a diferença no terceiro, mas o ritmo é retomado rapidamente, com um fechamento satisfatório que chama para uma segunda temporada, que deve ser confirmada em breve.

O diretor começou a carreira sendo chamado de Tarantino britânico, por conta da violência, submundo e diálogos rápidos em seus filmes, especialmente Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes (1998) e Snatch – Porcos e Diamantes (2000).

Mais do que uma assinatura, acabou virando um maneirismo pelo qual ele passou a ser cobrado e identificado. Fez dois Sherlock Holmes com Robert Downey Jr. dentro de seu estilo; uma versão moderna de Agente da U.N.C.L.E. que deu ruim; um Rei Arthur muito contestado e até a versão live action de Aladdim, aquele com Will Smith como o Gênio.

Com esta série, ele pode ter encontrado um porto seguro para seu divertido universo de gangsters violentos e nobres degenerados.

Marcos Kimura http://www.nerdinterior.com.br

Marcos Kimura é jornalista cultural há 25 anos, mas aficionado de filmes e quadrinhos há muito mais tempo. Foi programador do Cineclube Oscarito, em São Paulo, e técnico de Cinema e Histórias em Quadrinhos na Oficina Cultural Oswald de Andrade, da Secretaria de Estado da Cultura.

Programa o Cineclube Indaiatuba, que funciona no Topázio Cinemas do Shopping Jaraguá duas vezes por mês.

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