Sou simplesmente fascinado por livros, filmes e séries policiais que desafiam minha capacidade de dedução. Tentar descobrir quem é o verdadeiro culpado antes da revelação final é uma obrigação, mesmo que errando – na grande maioria das vezes.
Por isso, assistir O Jovem Wallander na Netflix se tornou uma ótima experiência. Em primeiro lugar, porque confesso que não conhecia o detetive criado pelo escritor Henning Mankell, que já ganhou uma série protagonizada por Kenneth Branagh com quatro temporadas, exibidas entre 2008 e 2016.
Em segundo lugar, porque a série traz temas atuais e conta com seis episódios com cerca de uma hora cada, indo direto ao ponto, mesmo com diversas subtramas que, inicialmente, parecem deslocadas, mas logo encontram algo em comum.
Com produção da Yellow Bird UK, a série é dirigida por Ole Endresen e Jens Jonsson, com roteiros de Anoo Bhagavan e Benjamin Harris. Baseada nos livros de Mankell, mostra uma versão moderna do detetive Kurt Wallander, que enfrenta uma onda crescente de violência na Suécia atual.
Wallander tem sua vida transformada quando presencia um crime de ódio, no bairro popular onde mora, repleto de imigrantes. Amarrado em uma grade e amordaçado com uma fita com a bandeira da Suécia, Hugo Lundgren, um jovem branco, é morto depois que um desconhecido retira o pino de uma granada que estava em sua boca.
É o estopim para que tenham início protestos violentos contra imigrantes. O jovem policial Wallander (vivido por Adam Pålsson) acaba sendo promovido a detetive pelo experiente Hemberg (Richard Dillane, de Argo) e jogado nesta espiral de acontecimentos.
Com a ajuda da – sempre desconfiada – detetive Frida Rask (Leanne Best, de Carnival Row), Wallander tem como primeira missão comprovar a inocência de Ibra (Jordan Adene), um jovem morador do bairro, que acabara de receber seu primeiro contrato profissional com um time de futebol, mas é apontado como culpado pela morte de Hugo, com quem discutiu momentos antes do atentado.
Não bastasse isso, Wallander se enche de culpa quando seu melhor amigo, Reza (Yasen Atour), é gravemente ferido durante uma manifestação de um grupo supremacista. Ao avistar o culpado pela morte de Hugo, o jovem detetive abandona sua missão de segurar os manifestantes e coloca todos à sua volta em risco.
Realeza
A trama ganha contornos mais graves quando a investigação chega à tradicional família Munck, amiga próxima da realeza sueca, envolvendo os nomes do bilionário Leopold Munck (Andrew Bicknell), seu primogênito Karl-Axel Munck (Jacob Collins-Levy) e o filantropo Gustav Munck (Alam Emrys).
Enquanto isso, como não poderia deixar de ser, Wallander encontra tempo para se envolver amorosamente com Mona (Ellise Chappell, de Yesterday), defensora dos imigrantes e amiga próxima de Gustav.
Com seis episódios bem construídos, que crescem a cada instante até seu clímax, O Jovem Wallander é uma boa série policial com toques de ação e suspense, daquelas que colocam o espectador para analisar tudo que foi investigado e tentar descobrir o verdadeiro culpado.
Ao mesmo tempo, encontra espaço para tratar assuntos contemporâneos não apenas na Suécia, mas em todo o mundo, como imigração, xenofobia e racismo. Tecnicamente, a série não arrisca, mas consegue prender a atenção do espectador, apoiado principalmente na excelência de seu elenco.
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