Depois de uma expectativa gigante, O Legado de Júpiter finalmente estreou na Netflix, e a montanha pariu um rato. A série faz parte de um pacote negociado pelo autor Mark Millar, o mesmo que criou as HQs de Kick-Ass, Kingsman e O Procurado, com a gigante do streaming.
A graphic novel original foi um grande sucesso entre os aficionados, que esperavam que a versão live action tivesse qualidade similar. Infelizmente, não foi o que aconteceu.
Neste universo, um grupo de super-heróis, a União, existe desde a Grande Depressão, sempre seguindo um Código estabelecido por seu líder, Utópico (Josh Duhamel, da franquia Transformers, com barba e cabelo de mendigo), cujo principal mandamento é “Não Matarás”.
Já no primeiro episódio, o filho do superman barbudo, Brandon (Andrew Horton, de A Maldição das Formigas Gigantes), mata o vilão Estrela Negra (Tyler Mane, o Dentes de Sabre do primeiro X-Men) depois que este massacrou dois de seus amigos e ameaçava explodir seu pai e sua mãe, Lady Liberdade (Leslie Bibb, única com passagens por grandes produções de super-herói, em Homem de Ferro I e II).
Isso cria uma crise familiar e institucional. Só que nada disso convence. Não houve sequer a preocupação de começar com uma luta fodástica para prender o espectador para o restante da temporada: é muito mal feita.
Linhas temporais
A narrativa logo se divide em duas linhas temporais: uma, no presente, com o mundo ainda sofrendo as consequências da crise de 2008; e outra na origem dos heróis, que é deflagrada à sombra do crack da bolsa de Nova York em 1929.
Opa, parece que haverá uma comparação entre as duas grandes recessões e a forma como a União lida com elas, só que não. Talvez na segunda temporada.
Há uma interminável jornada para que o grupo adquira seus poderes que, segundo me informei, é feita em seis páginas na HQ e na série dura praticamente toda a temporada. É de lascar.
No tempo presente, tudo começa centrado na família formada por Sheldon Sampson, o Utópico; Grace, a Lady Liberdade. Brandon, o Paragon; e Chloe (Elena Kampouris, de O Casamento Grego 2), filha pródiga que resolveu se afastar da União e virar, literalmente, uma supermodel; e o tio Walter (Ben Daniels, da série O Exorcista), o Onda Mental, o Professor Xavier desse universo.
Só que tudo acaba centrado nos mais velhos, deixando os jovens no limbo, especialmente Chloe, que depois de participar com destaque no começo da série, com direito à exploração da bela figura de Elena Kampouris, desaparece da história. O pior é que, novamente segundo quem leu a graphic novel, ela seria uma das protagonistas. Não vou nem falar da ninja telepata (!) Raikou (Anna Akana), que surge de forma bombástica para… whatever.
Outros personagens importantes são George Hutchence (Matt Lanter, cujo currículo é mais voltada à dublagem, como o Anakin Skywalker de The Clone Wars), o Skyfox, que participa ativamente na linha temporal dos anos 30, mas cujo destino no presente constitui o grande mistério da série; seu filho Hutch (Ian Quinlan, de Gotham), um ladrãozinho sem poder, mas dono de um bastão teleportador; e Fitz Small, o Clarão (Mike Wade), o Flash afro-americano, que no período presente está preso a uma cadeira de rodas, mas não sabemos porque.
O plot twist final é previsível, mas é tão canhestro que a gente fica sem saber direito se era para o público adivinhar mesmo ou se era para ser uma surpresa.
Pode ser que melhore na segunda temporada, que já está em produção? Sim, mas há muitos problemas que dizem respeito à condução do projeto, totalmente equivocado nestes primeiros oito episódios.
Assista, na esperança que melhore na segunda temporada.
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