Review | One Piece: A Série (Netflix)

Água mole em pedra dura… Após os fracassos de Death Note e Cowboy Bebop, a Netflix finalmente acertou uma adaptação de mangá com One Piece: A Série. E não é um mangá comum: é o que mais vendeu cópias no mundo, originando um anime com mais de mil episódios.

Dessa forma, a produção da Netflix estreou com o habitual desafio duplo de agradar quem nunca viu mangá ou anime e não desagradar a imensa base de fãs. E não é que deu certo?

Eu, marinheiro de primeira viagem, embarquei facilmente nas aventuras de Monkey D. Luffy e sua tripulação, em meio a um universo cheio de capitães malvados com superpoderes e uma marinha/polícia internacional que persegue a todos.

Tudo começa quando o Rei dos Piratas, Gold Roger, está para ser executado e em suas palavras finais, exorta todos os colegas de profissão a buscar seu tesouro escondido, o One Piece, que tornará àquele que o achar, seu sucessor. Anos depois encontramos Luffy em um barquinho em busca de uma tripulação que o ajude a realizar o sonho de ser o novo Rei dos Piratas.

Eiichiro Oda criou o mundo de One Piece sobre duas visões dos piratas: uma, a dos aventureiros que representavam a liberdade na literatura, e a outra, dos cruéis bucaneiros que aterrorizavam os mares.

Luffy é um representante nato da ótica romântica. Com seu entusiasmo, é capaz de conquistar seus companheiros, em geral muito mais cínicos, pois viveram na pele a realidade da pirataria.

Casting

Para que a série funcionasse, era fundamental encontrar um protagonista carismático e capaz de transmitir o inabalável otimismo de Luffy, e o jovem Iñaki Godoy (Imperfeitos) foi a escolha perfeita.

Ao contrário do equívoco que foi colocar John Cho como Spike em Cowboy Bebop (não, nãaaao!), o jovem mexicano de 20 anos carrega o herói elástico de forma impecável.

Há acertos ainda em Mackenryu como Roronoa Zoro (ele que, além de ter sido Seya na malfadada adaptação de Cavaleiros do Zodíaco, ainda é filho de Sonny Chiba, o próprio Hatori Hanzo), Emily Rudd (trilogia Rua do Medo) como Nami, Taz Skylar (O Chef) como Sanji e Jeff Ward (Agentes da S.H.I.E.L.D.) como Buggy.

A condensação e atalhos tomados pelo roteiro também me pareceram ótimos, conseguindo extrair o sumo das histórias originais em apenas oito episódios. Tem muito de Piratas do Caribe? Sem dúvida, ainda mais com a Marinha Mundial emulando a Britânica do auge da Era da Pirataria real.

Mas funciona que é uma beleza, até o arco de Koby (Morgan Davies, de A Morte do Demônio: A Ascensão), um alívio cômico no original e um personagem mais tridimensional na série.

Enfim, se você não conhece One Piece, dê uma chance e divirta-se. Se conhece, embarque novamente nesta aventura e lembre-se: “Eu vou ser o rei dos piratas”.

Marcos Kimura http://www.nerdinterior.com.br

Marcos Kimura é jornalista cultural há 25 anos, mas aficionado de filmes e quadrinhos há muito mais tempo. Foi programador do Cineclube Oscarito, em São Paulo, e técnico de Cinema e Histórias em Quadrinhos na Oficina Cultural Oswald de Andrade, da Secretaria de Estado da Cultura.

Programa o Cineclube Indaiatuba, que funciona no Topázio Cinemas do Shopping Jaraguá duas vezes por mês.

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