Review | Sombra e Ossos (Netflix)

Nova série da Netflix baseada em série de livros de Leigh Bardugo, Sombra e Ossos agradou os fãs do Grishaverso e também quem nunca tinha ouvido falar nele.

A escritora israelense radicada nos EUA criou sua Westeros, o reino de Ravka, inspirada na Rússia czarista do século XIX, habitada por pessoas com habilidades extraordinárias, os grishas, que foram perseguidos durante séculos como bruxos, até que uma guerra os tornou valiosos para o Estado.

Alguém falou em mutantes da Marvel? Sim, mas também tem um pouco dos dobradores de Avatar, já que como estes, os grishas precisam usar movimentos das mãos para usar seus poderes. Esse mundo fantástico é dividido por uma zona negra, a Dobra Escura, lar de seres alados infernais que comem humanos.

A protagonista é a jovem Alina Starkov (Jessie Mei Li), uma cartógrafa órfã e mestiça de etnia shu (mais ou menos equivalente aos descendentes dos mongóis), que tem no amigo de infância Mal (Archie Renaux), um soldado corajoso e apaixonado por ela, sua única família. Durante uma travessia pela Dobra Escura, ela manifesta um poder inesperado e único.

Ela então é levada ao Pequeno Palácio, onde os grishas são treinados como armas na guerra contra os vizinhos fjordes (correspondentes aos suecos, com quem os russos viviam brigando), que além de tudo odeiam esses mutantes-dobradores. Alina é logo identificada com uma profecia e chama a atenção do líder militar General Kirigan (Ben Barnes, de Westworld e O Justiceiro), ele mesmo um grisha superpoderoso.

Luxo e Intrigas

Enquanto Alina se adapta à nova vida de luxo, treinamento e intrigas, um grupo de ladrões e golpistas, denominados Corvos, assume a missão de sequestrá-la. Kaz (Freddy Carter) é o líder; Inej (Amita Suman), uma ninja gurkha; e Jesper (Kit Young), um pistoleiro certeiro e malandro; se juntam ao cientista e contrabandista Arken (Howard Charles) para atravessar a Dobra rapidamente em um invento seu.

Kit Young, Amita Suman e Freddy Carter vivem os Corvos

Nas obras originais de Leigh Badugo (que faz um cameo na série), os arcos de Alina e dos Corvos não se cruzam, fazendo parte de séries separadas dentro do mesmo universo. A decisão de reuni-los foi certeira, formando um grupo de personagens carismáticos cujas aventuras queremos acompanhar até o fim.

A novata Jessie Mei Li é cativante e muito boa atriz: ela demonstra tanto tesão adolescente pelo general galã quanto carinho pelo devotado Mal, de forma absolutamente convincente. O trio de Corvos, com a esperteza e cinismo de Kaz, as habilidades e religiosidade de Inej, e o hedonismo gay de Jesper, formam uma ótima química, sem cair na caricatura.

Com esses ótimos personagens, trama ágil e efeitos bem decentes, maratonei fácil os oito episódios e já estou à espera da segunda temporada. É mais um acerto da Netflix em adaptar material pré-existente, como The Witcher, mas não como a Saga Winx e Cursed, uma das piores coisas que vi no ano passado.

Assista os primeiros episódios e prepare-se para maratonar. Vale a pena conferir! 

Marcos Kimura http://www.nerdinterior.com.br

Marcos Kimura é jornalista cultural há 25 anos, mas aficionado de filmes e quadrinhos há muito mais tempo. Foi programador do Cineclube Oscarito, em São Paulo, e técnico de Cinema e Histórias em Quadrinhos na Oficina Cultural Oswald de Andrade, da Secretaria de Estado da Cultura.

Programa o Cineclube Indaiatuba, que funciona no Topázio Cinemas do Shopping Jaraguá duas vezes por mês.

Leia também...

Mais deste Autor!

+ Ainda não há comentários

Add yours