Antes de tudo, vale lembrar: o acesso global para a estreia da quinta temporada de Stranger Things, marcada para o último 26 de novembro, às 22h, foi tão grande, que a habitualmente inabalável plataforma da Netflix chegou a ficar indisponível por algum tempo.
Mas… a que se deve tanta expectativa?
A série dos irmãos Duffer trouxe de volta aquele acontecimento cultural global, em que o mundo parava para ver a pré-estreia de um filme da Marvel – o último que causou esse hype foi Homem-Aranha: Sem Volta para Casa, de 2021 – ou para um novo episódio de Game of Thrones – que acabou em 2019.
Esse tipo de conexão une quem viveu os anos 1980, como este que vos fala, aos jovens que cresceram com os personagens. Sem esquecer, é claro, da qualidade da série em si, comprovada pela revisão que muita gente fez às vésperas da estreia no dia 26.
Assim como fizemos em Stranger Things: a Série que Transformou a Netflix
E esses primeiros quatro episódios não decepcionaram, trazendo tudo que o fã mais gosta: ação, suspense e o desenvolvimento das relações entre os amados personagens. A ação começa um ano e meio após o final da temporada anterior (foram três anos na vida real).
Vamos destacar alguns pontos, COM SPOILERS
Robin (Maya Hawke) vira Dj da FM de Hawkins, tendo Steve (Joe Keery) como sonoplasta. Foi uma forma inteligente de contar o que aconteceu após o final da quarta temporada, além de arrumar um emprego para a dupla.
Ela também assume o relacionamento com Vickie (Amyneth McNuily, a Anne com um Ei), cuja descoberta por parte de Will (Noah Schnapp) fará com que ele se aproxime de Robin, que o ajudará a se aceitar e, por fim, libertá-lo e a seus poderes. Muito foda!
Holly (Nell Fisher), a irmã caçula de Mike (Finn Wolfhard) e Nancy (Natalia Dyer), ganha protagonismo quando se torna uma das vítimas infantis de Vecna (Jamie Cambell Bower).
Reparem que quando surge só para ela (sem revelar o rosto, mas estava ‘na cara’ quem era), ele usa um relógio de bolso, sendo que anteriormente seus ataques eram anunciados por um relógio de pêndulo.
Relógio de bolso também é usado pelo coelho de Alice, e a certa altura na casa de Vecna/Henry Creel, Holly coloca um vestido azul como de Alice, vivendo num suposto País das Maravilhas, onde pode fazer o que quiser, e que é substituído por um capuz de Chapeuzinho Vermelho, ao fazer o que a menina da cesta de lanche faz: entrar no caminho proibido da floresta.
E quem atrai Holly para fora da prisão de Vecna? Max (Sadie Sink), que mesmo estando em coma no mundo real, se refugiou em uma memória do vilão, inacessível ao próprio.
Lá, ela explica que quase reviveu por causa do namorado Lucas (Caleb McLaughlin) e da música Running up that Hill, o hit ressuscitado de Kate Bush, mas que o fim da fita cassete acabou ‘quebrando’ a oportunidade.
Tem gente que não entendeu porque não foi possível voltar tocar a fita cassete logo depois dela acabar. Xofens…
Linda Hamilton, a eterna Sarah Connors, vive a nova vilã, a general-doutora Kay, que comanda o posto avançado do Exército no Mundo Invertido.
Até agora tem sido mais um easter egg ambulante que um personagem de fato, apesar de ter demonstrado toda maldade ao aprisionar Kali (Linnea Berthelsen), a “irmã” de Eleven (Millie Bobby Brown), que aparece na polêmica segunda temporada, só para aprender como derrotar nossa menina superpoderosa, mas também burra ao achar que todo o problema se resume nela, mesmo estando no território dos demogorgons e outros bichos.
Dustin (Gaten Matarazzo) resolve assumir sozinho a cruzada de reabilitar Ed (Joseph Quinn) e manter vivo o Hellfire Club, tendo como consequência uma surra, que no mundo real deixaria o garoto hospitalizado por meses, e o estremecimento da amizade com Steve, o melhor bromance de Stranger Things.
Aliás, o bom-cabelo tem cenas hilárias competindo em testosterona com Jonathan (Charlie Heaton) pela atenção de Nancy, que no momento tem coisas mais importantes para se importar, como salvar o mundo e os pais.
Banana
Aliás, finalmente a mamãe Wheeler, Cara Buono, sempre creditada com destaque na série, com direito até a poster de divulgação com a cara dela, mostrou a que veio ao defender Holly de um demogorgon.
Dificil saber como ela e o marido banana (Joe Chrest) sobreviveram ao ataque, sendo que militares treinados foram dizimados momentos antes.
Além da Holly crescida, muito mais que a suposta passagem de um ano e meio, o novo jovem ator do elenco, Jake Connelly, o Derek, é mais um triunfo da diretora de elenco Carmem Cuba.
Ele sai do gordinho mimado que faz bullying com colegas, cai na real quando vê um demorgorgon, lidera a fuga das crianças do acampamento militar, e ao ser recaptutado diz ao oficial que ele e seus homens não vão conseguir proteger merd* nenhuma.
Erica (Priah Sinclair), agora melhor aluna do professor Clarke (Eandy Heavens), brilha no Episódio 3 quando é convencida a dopar a família de sua ex-amiga. Quando ela é a única de pé por não comer a torta com tranquilizante, não hesita em sacar uma seringa e dizer: você devia ter comido a torta!
Aliás, o nome do episódio, A Armadilha Turnrbow (dirigido por, nada mais, nada menos, que Frank Darabount, de À Espera de um Milagre e Um Sonho de Liberdade), em que a turma transforma a casa da família de Derek numa emboscada para o demogorgon, é evidentemente parodiada de Esqueceram de Mim (1990).
Outra referência forte foi O Profissional (1994), quando Hopper (David Harbour) tranca Eleven para fora quando vai com um colete explosivo para detonar o que ele acha que é Vecna.
E um easter egg inesperado por ser muito antigo, é quando Robin explica como organizar a fuga do quartel citando e tocando a música de Fugindo do Inferno (1963), clássico com Steve McQueen.
Sorcerer
A construção de Will para se tornar o Sorcerer (Mago) todo poderoso tem um caminho brilhante, com ele vendo pelo olhos dos demogorgons até quando impede que um deles mate Joyce (Winona Ryder) na sequencia do celeiro.
A provocação final de Vecna, dizendo que está abduzindo e sugando crianças por serem fracas – como ele foi na primeira temporada – não só libera o poder do próprio Will, mas talvez indique que a pequena Holly pode ter um papel significativo mais à frente.
E como Eleven vai lidar com o reencontro com Kali? Ela já terá cumprido seu papel na série ou ainda pode ajudar na luta contra Vecna e mesmo contra os milicos de Kay, que se supõe terem eliminado sua “família” em Chicago?
E o flashback vivenciado por Max, da adolescência de Joyce e Henry, terá desdobramento na trama?
Essas são apenas algumas questões que ficarão para o dia 25 de dezembro, quando Stranger Things estreia os episódios 5, 6 e 7, mantendo o suspense até o dia 31, quando o longa-metragem final terá exibições especiais também nos cinemas.
E por aí, como anda a ansiedade para o gran finale de Stranger Things?