Review | Warrior Nun (Netflix)

A série Warrior Nun, o novo hype da Netflix, já teve a segunda temporada aprovada mesmo antes da estreia. Ainda bem (spoiler alert!), senão quem gostou ia ficar muito p(*) da vida,

A produção é baseada na história em quadrinhos criada por Ben Dunn e intitulada Warrior Nun Areala, que contou com várias sagas entre 1994 e 2002. A trama conta as origens da Ordem da Espada Cruciforme, criada nas Cruzadas e formada por freiras guerreiras treinadas para combater as forças das trevas.

Na versão para a TV, a liderança é passada pela transferência de um halo angelical, que garante à portadora poderes como superforça, capacidade de cura, intangibilidade e levitação. Como a maioria dos quadrinhos dos anos 90, as personagens femininas eram hipersexualizadas, o que obviamente não acontece em tempos de #metoo.

Mas a heroína original, a Irmã Shannon, morre já no começo do seriado, e o protagonismo é transferido para Ava, uma garota tetraplégica que cresceu num orfanato católico. Ela é vivida pela atriz portuguesa Alba Baptista, um cover da Ellen Page dos tempos de Juno e Menina Má.Com, não só pela cara de anjo, mas também pelo humor sarcástico e personalidade forte.

A primeira parte dos 10 episódios acompanha o crescimento dessa adolescente que estava presa numa cama e que agora pode viver a vida e tem poderes sobre-humanos.

Orçamento

A Ordem, que está baseada na Espanha, é supervisionada pelo padre Vincent (Tristán Ulloa, de Lúcia e o Sexo) e tem entre suas integrantes a badass Shotgun Mary (Toya Turner), a disciplinada e boa de briga Beatrice (Kristina Tonteri-Young) e a ambiciosa Lilith (Lorena Andrea), que deveria ter herdado o halo e o posto de Shannon.

Como se vê, o elenco é quase todo novato ou pouco conhecido, exceção feita a Joaquim de Almeida (O Xangô de Baker Street, A Rainha do Sul, A Balada do Pistoleiro), possivelmente o ator português com o maior currículo internacional, quase sempre como vilão latino. Ele é o ardiloso cardeal Duretti, o superior mais graduado a quem a Ordem está subordinada.

Se o orçamento apertado fica evidente pelos efeitos meio toscos (os demônios Tarascas parecem saídos do game Quake), há uma preocupação no desenvolvimento dos personagens e de não deixar a trama maniqueísta.

No entanto, uma série de personagens desaparece da trama e outros não dizem muito a que vieram. Mas como a segunda temporada está garantida, pode ser que eles retornem para concluir seus arcos.

A HQ original recebeu reclamações da Igreja Católica ao longo dos anos de publicação, mas não acho que isso acontecerá com a série: o tom é fantasioso e não leva as questões religiosas a sério. Lembra nesse aspecto o “Van Helsing” estrelado por Hugh Jackman (Mas não é tão ruim).

Warrior Nun não vai fazer você ficar quebrando a cabeça como Dark, mas é fácil de ver e tem um bom desenvolvimento. A protagonista é carismática, o elenco de apoio funciona – principalmente Toya, Kristina e Ulloa – e terminamos querendo saber o que vai acontecer. Para uma quarentena, está bom demais.

 

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Marcos Kimura http://www.nerdinterior.com.br

Marcos Kimura é jornalista cultural há 25 anos, mas aficionado de filmes e quadrinhos há muito mais tempo. Foi programador do Cineclube Oscarito, em São Paulo, e técnico de Cinema e Histórias em Quadrinhos na Oficina Cultural Oswald de Andrade, da Secretaria de Estado da Cultura.

Programa o Cineclube Indaiatuba, que funciona no Topázio Cinemas do Shopping Jaraguá duas vezes por mês.

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