Antes mesmo da estreia desta temporada, The Witcher sofreu uma baixa considerável: o protagonista Henry Cavill deixou o papel, que foi assumido por Liam Hemsworth, mais conhecido pela franquia Jogos Vorazes, pelo casamento frustrado com Miley Cyrus e por ser irmão de Chris Hemsworth. Aliás, se a troca tivesse sido por Thor no lugar do Homem de Aço seriamais equivalente.
The Witcher é uma série inspirada em na série de romances de Andrej Sapkowski, que original um videogame de sucesso, mas que, segundo a showrunner Lauren Schmidt Hissrich (que deixou o cargo nesta temporada), não fez parte da construção da produção da Netflix. Além do emblemático Cavill – que também já foi Superman em Sherlock Holmes (nos filmes Enola Holmes) – como o caçador de monstros Geralt de Rivia; o trio central inclui ainda Anya Chalotra como a bruxa Yennifer; e Freya Alles (que ano passado fez Planeta do Macacos: O Reinado) como a princesa Cirilla de Cintra, peça chave nas ambições de quase todos desse universo medievalesco.
A temporada começa com Geralt e seus companheiros Jaskier (Joey Baley), o Bardo; e Milva (Meng’er Zhang, de Shang Shi e a Lenda dos Dez Anéis), a garota arqueira da floresta, rumando Emhyr, capital de Nilfgard, onde eles acham que está Ciri. Eles reencontramo antigo inimogo Cahir (Eamon Farren), que será poupado a contragosto pelo witcher, e mais tarde se tornará um aliado. Yennifer, por sua vez, é perseguida pelos asseclas do poderoso Vilgefort (Mahesh Jadu), que deseja que ela passe para seu lado. Ciri se envolve de vez com os Ratos, na ânsia de descobrir quem ela realmente é, e não o que esperam que ela seja.
O melhor núcleo é o de Yannifer, que acaba congregando várias bruxas remanescentes da série, algumas ex-inimigas, para fazer frente a Vilgefort, que além de tudo passou a controlar os portais pelas quais as feiticeiras se teletransportavam por este e por outros mundos. O plano envolve não apenas as bruxas Fringilla (Mimi M. Khayisa), Philipa (Cassie Clare), Sabrina (Therica Wilson-Read), Triss (Anna Shaffer), a ex-rainha elfo Francesca (Mecia Simson) mas também o mentor de Geralt, Vesemir (Peter Mullan). Algumas coisa dão erradas, há baixas importantes, e as lutas são ótimas, com muita tensão. Yennifer sai maior do que entrou na briga, mesmo não atingindo todos os objetivos.

A coisa mais interessante no núcleo de Geralt é a inclusão em seu grupo do misterioso barbeiro-cirurgião Regis, papel de Laurence Fishburne, ator muito mais famoso que os habituais na série. Ao longo da temporada, segredos serão revelados a seu respeito, A despeito da desconfiança de Geralt, ele acaba sendo um “cinto de utilidades da trupe. Tem um episódio particularmente irritante, em que os diversos integrantes da caravana conta sua história, incluindo um número musical de Jaskier, repetindo um evento já conhecido. Curiosamente, em um momento climático da jornada, Milva sai de cena por um problema íntimo, e retorna meio que do nada, dizendo que deu um jeito na questão, que parecia que renderia uma história. Sua ausência coincide com a chegada de Yennifer e seu rencontro romântico com Geralt. A bruxa volta para organizar seu grupo e Milva retorna. Coincidência?
Ciri e os Ratos, por sua vez parece ter sido a grande aposta da temporada, só que deu ruim. Personagens sem carisma, romance forçado e historinha sentimentalóide, que ainda é estendida no anexo Os Ratos: Uma História de The Witcher, que acaba sendo o nono episódio da temporada, e com a participação especial de Dolph Lundgren, mais conhecido pelos mais jovens pela franquia Os Mercenários, mas que já foi O Justiceiro e He-Man, em priscas eras. Mas antes disso, os Ratos têm em seu encalço o caçador de recompensas Leo Bonhart, um tipo implacável e sádico, que além de uma vingança pessoal com a quadrilha, recebe a encomenda da morte deles, especialmente a de Ciri, conhecida como Falka. O mercenário é interpretado por Sharlto Cooper, que ficou conhecido a partir de Distrito 9. Sua história será melhor conhecida no especial Os Ratos. Ruim como o diabo, Leo caba sendo o melhor personagem do núcleo.
No final da temporada, acontece o reencontro entre Geralt e Yennifer, que sempre renderam cenas calientes, em que Any Chalotra disse ter dispensado dubles para demonstras a força e vulnerabilidade da personagem. Com Henry Cavill aparentemente era fácil, porque o rala-e-rola com o Thor genérico não podia ser mais burocrático.
Após a primeira temporada bombástica em 2019, que fez com que a Netflix encomendasse diversos spin offs em live action e animação, The Witcher veio caindo de qualidade gradativamente, até chegar nesta quarta temporada em seu ponto mais baixo, especialmente pelo roteiro fraco e diálogos risíveis. Resta saber que o interesse na série resistirá a mais dois anos de espera.