Review | A Babá: Rainha da Morte (Netflix)

Quando assisti ao primeiro A Babá em 2017, fiquei com a sensação de que o filme desperdiçava uma ótima oportunidade dentro do slasher. Nada ali era novo e o grafismo das cenas e a ironia das falas só reforçavam sua pegada cool, como num exercício de homenagens jogadas a esmo. Com isso, o filme se limitava a ser uma sessão pipoca divertidinha voltada ao público teen com referências retiradas de filmes e séries.

Jenna Ortega e Judah Lewis em cena da continuação

Com o lançamento de A Babá: Rainha da Morte, decidi rever o primeiro filme para refrescar minha memória… só que a revisão não foi lá muito prazerosa. Como falei, ficou ainda mais claro que as referências são jogadas no meio da história – que já é um fiapo. Ao menos, o protagonista Cole (Judah Lewis) é um pré-adolescente bem menos irritante que os de outros filmes do gênero – como em Better Watch Out – no entanto, a força do filme estava no timing e carisma de Samara Weaving: hipnotizante como uma babá do mal deveria ser.

Para esta sequência, o roteirista Brian Duffield dá lugar a Dan Lagana, e a diferença é gritante. Estão ali novamente as referências que mostram a paixão da equipe por cultura pop, cinema e séries, mas aqui as referências funcionam com propósito na narrativa: uma música vira uma senha de acesso, uma referência ao terror contemporâneo soa hilária vinda de um personagem negro, enfim, há um capricho nos diálogos.

Exagero dobrado

No que tange à violência, esta sequência vai além do primeiro, no sentido de exagerar mesmo (o que deixa tudo ainda mais divertido). Algumas mortes são bem mais violentas que as do filme original e os momentos de vergonha alheia praticamente não existem – ridícula a sequência do primeiro filme na qual Max (Robbie Amell), o cara sem camisa, faz Cole se vingar de seu bully: péssima e só serve pra encher linguiça em um filme que já é bem curto (menos de 90 minutos).

Andrew Bachelor, Bella Thorne e Robbie Amell estão de volta

Aliás, este é outro trunfo desta sequência. Por mais que demore um pouco a engrenar – e McG faz isso para nos apresentar a boa personagem Phoebe, vivida por Jenna Ortega, além de dar mais minutos à vizinha Melanie (Emily Alyn Lind), totalmente subutilizada no primeiro filme – na segunda metade, o filme entra numa sucessão de acontecimentos que nos deixa tentando adivinhar quem está por trás daquilo tudo, mas perder seu ritmo envolvente, nos levando junto em meio a tanta loucura, gritaria e correria. É aquele tipo de exagero que dá certo.

A Babá: Rainha da Morte não deixa de ser uma farofada, mas como diz Cole ao final do primeiro filme: é ficção científica, e você pode fazer qualquer coisa. E aqui McG leva isso ao pé da letra, com muitos exageros, acertando em cheio no humor, nas referências e dando um final digno para todos os personagens.

 

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Angelo Cordeiro

Paulistano do bairro de Interlagos e fanático por Fórmula 1. Cinéfilo com obsessão por listas e tops, já viram Alta Fidelidade? Exatamente, estilo Rob Gordon. Tem três cães: Johnny, Dee Dee e Joey, qualquer semelhança com os Ramones não é mera coincidência, afinal é amante do bom e velho rock'n'roll. Adora viajar, mas nunca viaja. Adora futebol, mas não joga. Adora Scarlett Johansson, mas ainda não se conhecem. Ainda.

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