Review | Lakers: Hora de Vencer

A série Lakers: Hora de Vencer encerrou sua primeira temporada esta semana na HBO e pode ser vista na íntegra na HBO Max. A polêmica correu solta tanto pelo retrato dos Los Angeles Lakers e da NBA da época, quanto nos bastidores.

Kareem Abdul-Jabbar (vivido na série por Solomon Hughes, que jogou no Harlem Globetrotters), o lendário pivô e maior pontuador da franquia há até pouco tempo (foi ultrapassado por LeBron James em fevereiro deste ano), foi um dos que se revoltou com o roteiro, assim como o ex-técnico Jerry West (interpretado por Jason Clarke, de A Hora Mais Escura).

Fora de cena, a produção provocou o rompimento de Adam McKay com Will Ferrell na produtora em que eram sócios, porque o diretor de Não Olhe para Cima escalou John C. Reilly (Chicago) ao invés de Ferrell como Dr. Buss, o dono do Lakers que criou a dinastia e revolucionou a NBA.

O astro de O Âncora é fanático pelo time de L.A. e sonhava com o papel. Mas quer saber de uma coisa? Não apenas Reilly está ótimo na série como Ferrell não encaixaria por ser alto demais. A dinâmica entre Buss e seu astro Magic Johnson (o estreante Quincy Isaiah) precisa da diferença de estatura entre os dois em cena.

Hipérboles

Lakers: Hora de Vencer prova que McKay, que assinou os ótimos A Grande Aposta e Vice, precisa de uma base verídica, ou acaba se perdendo como em Não Olhe para Cima. A história real é tão inacreditável quanto cinematográfica: time na fila há anos é comprado por um iniciante no negócio, no mesmo ano em que recruta o mais promissor calouro do basquete universitário, perde o técnico ainda no começo da campanha e eles ganham o campeonato nesse mesmo ano. Não é spoiler, é história.

A tudo se soma a crise financeira em que o time e dono se encontravam e a baixa autoestima do elenco, humilhados pela hegemonia do Boston Celtics. Em meio a esse cenário, Buss toma a iniciativa de fazer com que não apenas os jogos sejam atraentes, mas também sua arena, o Forum.

Isso inclui fazer do bar uma boate e das cheerleaders dançarinas sexys, coreografadas por uma então desconhecida Paula Abdul (Carina Conti). Outras figuras famosas da época que aparecem são a nêmesis de Magic Johnson, Larry Bird (Sean Patrick Small); o superfã dos Lakers, Jack Nicholson (Max E. Williams) e Julius “Doctor J” Eving (James Lesure), representando o velho basquete.

As hipérboles e exageros, além do efeito cômico, visam a sublinhar o racismo e sexismo da época. A reconstituição de época é perfeita, usando até uma fotografia que remete às câmeras de fita magnética de então.

A vencedora de dois Oscar, Sally Field, com o protagonista John C. Reilly

O elenco mescla muito bem nomes manjados como Reilly, Clarke, Sally Field – no papel de mãe de Buss – , Gaby Hoffman (Transparent) e o vencedor do Oscar Adrien Brody (como Pat Riley, que seria no futuro um dos maiores vencedores da NBA) com novatos como os já citados Hughes, Isaiah e a jovem Hadley Robinson, que tem um currículo mais volumoso, que inclui Adoráveis Mulheres e Quero Acabar com Tudo, muito bem como a filha Jeanie.

Lakers: Hora de Vencer é imperdível tanto para quem gosta de uma boa trama, como para quem ama basquete e/ou quer saber como eram os anos 80. A segunda temporada está confirmada e deve estrear em 2023 – até porque o showtime mal começou.

Marcos Kimura http://www.nerdinterior.com.br

Marcos Kimura é jornalista cultural há 25 anos, mas aficionado de filmes e quadrinhos há muito mais tempo. Foi programador do Cineclube Oscarito, em São Paulo, e técnico de Cinema e Histórias em Quadrinhos na Oficina Cultural Oswald de Andrade, da Secretaria de Estado da Cultura.

Programa o Cineclube Indaiatuba, que funciona no Topázio Cinemas do Shopping Jaraguá duas vezes por mês.

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