Filme da moda do início do confinamento, faltava neste Nerd Interior um review de O Poço, e posso (perdoe-me, Jô Soares) dizer que ele cumpriu minhas baixas expectativas.
Alguém já disse – ou escreveu – que ele é o filme certo no momento certo, mas eu diria que ele é o filme errado no momento certo. Obviamente, embora filmado em um contexto totalmente fora da nossa atual quarentena, seu lançamento oportuno pela Netflix fez muita gente trancafiada pela pandemia se identificar com a trama.
O roteiro gira em torno de uma instituição na qual as pessoas são instaladas, algumas por cometerem crimes, outras para terem uma certificação nunca muito explicada, composta por vários níveis ligados apenas por um poço. Uma plataforma leva comida do nível superior para os inferiores, e cada andar vai consumindo o que pode até sobrar nada ou quase nada para quem está mais embaixo.
Jogos Mortais
O que à primeira vista parece uma metáfora social, logo descamba numa pornografia da violência ao estilo Jogos Mortais. Comparar com Parasita? Talvez com outra obra de Joon Bong Ho, Expresso do Amanhã (exibido no nosso Cineclube Indaiatuba), mas este com concepção e execução infinitamente superiores.
Na verdade, o que a princípio parece ser contestador em O Poço, acaba se revelando reacionário, ainda mais com aquele misticismo cristão próprio da Espanha, com uma arquitetura fantástica que lembra, de certa forma, O Ministério do Tempo, série muito melhor que andou pelo catálogo da Globoplay.
E pensar que a atriz Antonia San Juan, a burocrata que seleciona quem vai para o poço, foi a inesquecível Agrado de Tudo Sobre Minha Mãe, de Pedro Almodóvar.
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