Cresci numa época em que os super-heróis não eram a menina dos olhos dos grandes estúdios e nem o tipo de filme que mais fazia grana nos cinemas. Também nunca fui ávido por HQ’s ou universo geek, por isso nunca tive o fator nostalgia que muitos fãs ainda têm hoje com o MCU e os filmes da DC (que ainda não formam um universo), mas com o Superman clássico é diferente.
Tirando os dois Batman de Tim Burton, a década de 90 mais maltratava os super-heróis do que os enaltecia, Spawn, Blade e O Fantasma são algumas das adaptações mais famosas da década, mas nenhuma delas sobreviveu bem ao tempo, mesmo que algumas tenham sido importantes para as décadas subsequentes, como Darkman de Sam Raimi.
Olhos de criança
Esse tom sombrio e pastelão dos heróis dos anos 90 não me enchia os olhos, com isso, foi quando assisti Superman: O Filme pela primeira vez que me encantei com o mundo dos super-heróis.
Naquela época eu não sacava dos sub-textos e da adoração à bandeira americana (“luto pelo ideal americano”, diz o Superman a certa altura), mas ver um homem com a cueca por cima da calça voando com sua amada e, posteriormente, dando voltas ao redor da Terra para salvá-la, contrariando as ordens de seu pai, logo me fez venerar o Superman. Não a toa, na mesma época, eu assistia O Rei Leão, minha animação favorita até hoje.
O mais engraçado de tudo era pensar com minha cabeça de criança que Christopher Reeve tinha um irmão gêmeo, tamanha a facilidade com que ele interpretava Clark Kent e Kal-El de maneiras tão distintas.
Revendo hoje, na cena em que Clark Kent vai à casa de Lois Lane (Margot Kidder) logo após o passeio aéreo como Superman e, em uma fração de segundos, tira os óculos e ajeita sua postura, dando a entender que irá revelar sua identidade secreta ao seu affair, fica nítido como Reeve era flexível ao encarnar perfeitamente tanto o franzino e tímido jornalista quanto o corpulento e sociável herói.
40 anos depois
Mesmo sendo um filme de super-herói, algo inédito à época e que revolucionou os blockbusters junto de Tubarão (1975) e Star Wars (1977), Superman: O Filme tem uma abertura épica em Krypton que mareja meus olhos e uma trilha sonora marcante de John Williams que dão um status robusto ao longa que continua a nos encantar mesmo 40 anos após seu lançamento.
Na versão estendida e remasterizada que chega a diversas salas da Cinemark em sessão única no dia 4 de dezembro, conhecemos mais do planeta natal de Kal-El e todo o plano arquitetado por Jor-El (Marlon Brando) e Lara (Susannah York) para salvar o filho do planeta que está prestes a explodir, mal sabiam eles que também acabariam salvando o trio de vilões que retornaria na sequência Superman II finalizada por Richard Lester assim que Richard Donner foi despedido da produção por conflitos de ideias.
O legado
Se hoje, em tempos de superproduções, os efeitos parecem datados e toscos, à época foi algo tão inovador que o filme acabou recebendo o Oscar de Efeitos Visuais e deu à categoria um status de competição que até então ela ainda não tinha alcançado.
Tanta grandiosidade não passou despercebida aos meus olhos infantis, não só nas cenas icônicas em Krypton com Marlon Brando quase como um deus, ou nas cenas de prender o fôlego na barragem da represa ou no clímax da volta no tempo onde Superman se debulha em lágrimas, mas principalmente no amor de Kal-El pela raça humana e por Lois Lane.
Em Superman: O Filme vi a possibilidade de tornar possível o impossível, do mais puro sentimento ser visto como algo imensamente grandioso, do nascimento de um mito e o surgimento de um herói, ali eu passei a ter o Superman como meu herói favorito.
Tudo isso deixou uma marca não só em mim, mas um grande legado na indústria do cinema, assim como em todos os fãs de HQ’s e do primeiro herói a voar, não é a toa que até hoje Superman: O Filme é tido como um dos principais expoentes dos filmes de super-heróis e poder vê-lo no cinema é uma experiência que eu vou guardar pra sempre.
[wp-review id=”10577″]
+ Ainda não há comentários
Add yours