Review | A Baleia

Brendan Fraser é o favorito na corrida ao Oscar de Melhor Ator por sua atuação em A Baleia, filme que assistimos em cabine realizada pelo Topázio Cinemas na manhã desta quinta-feira, dia 16. Além do astro da trilogia A Múmia, também foram indicado Hong Chau como Atriz Coadjuvante a equipe de Maquiagem. Por que não foi indicado como Filme e Direção para Darren Aronofsky? Well…

O Maneirismo foi uma escola das artes plásticas que sucedeu o Barroco, e que era marcada pela afetação e artificialismo para obter determinados efeitos emocionais. Pode-se dizer o mesmo do cinema de Darren Aronofsky.

O talento para filmar está ali, nos enquadramentos, iluminação e direção de atores (com essas duas, são cinco indicações de atuação em filmes dirigidos por ele, incluindo o Oscar para Natalie Portman em Cisne Negro). Mas há uma pretensão, uma megalomania embutida na sua obra, que culminou no pavoroso Mãe! em 2017.

A Baleia é seu filme seguinte, cinco anos depois, e agora sem ser ele o roteirista, o que é ótimo. O roteiro é baseado numa peça de Samuel D. Hunter, que fez sua estreia escrevendo para o cinema. É evidente a origem teatral, com a ação se passando quase toda no apartamento de Charles.

Logo no início do filme, o protagonista tem uma crise de hipertensão e acaba sendo socorrido por acaso pela chegada do jovem missionário Thomas (Ty Simpkins, ex-ator mirim de Homem de Ferro 3 e Jurassic World), que bateu à sua porta para levar a mensagem de sua seita apocalíptica.

Essa coincidência faz com que o rapaz ache que Deus o enviou para salvar a alma de Charlie e retorne constantemente, mesmo com a hostilidade de Liz (Hong Chau), a amiga enfermeira que cuida do professor.

Hong Chau, indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, interpreta a amiga enfermeira que cuida do professor

Com a perspectiva da morte, este resolve se aproximar da filha Ellie (Sadie Sink, a Max de Stranger Things), a quem abandonou junto com a mãe (Samantha Morton, de Minority Report) para se envolver com um ex-aluno.

Uma série de coincidências e conexões encaminham a história para a redenção de Charlie e todos em volta dele, de forma forçada e até desonesta, como a sequencia final que, aí sim, remete à megalomania e cafonice de Mãe!

Se Brendan Fraser de fato ganhar seu Oscar por este trabalho, será muito mais por seu esforço e talento que pelas intenções de seu diretor.

Marcos Kimura http://www.nerdinterior.com.br

Marcos Kimura é jornalista cultural há 25 anos, mas aficionado de filmes e quadrinhos há muito mais tempo. Foi programador do Cineclube Oscarito, em São Paulo, e técnico de Cinema e Histórias em Quadrinhos na Oficina Cultural Oswald de Andrade, da Secretaria de Estado da Cultura.

Programa o Cineclube Indaiatuba, que funciona no Topázio Cinemas do Shopping Jaraguá duas vezes por mês.

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