Exibido no Brasil primeiramente em alguns festivais, A Vida em Família (La Vita em Comune) é o típico filme que você assiste sem esperar muito e vai sendo surpreendido tamanho o carisma de seus personagens e a paixão com que o diretor Edoardo Winspeare (Com a Graça de Deus) os desenvolve.
Na história, o apático prefeito de Disperata, uma pequena cidade ao sul da Itália, sofre com sua depressão e melancolia enquanto enfrenta os colegas rivais nas reuniões da prefeitura. Filippo (Gustavo Caputo, de Com a Graça de Deus) encontra alguma paz de espírito apenas quando dá aulas de poesia aos presos da penitenciária local.
Entre os detentos está Pati (Claudio Giangreco, de Sangue Vivo), preso por cometer um crime nos minutos iniciais do longa. É a partir dos encontros com o prefeito Filippo que Pati se torna um apaixonado pela poesia.
A cidade de Disperata é distante de tudo e praticamente caminha em seu tempo, não à toa acompanhamos uma lesma nos minutos iniciais e finais do filme, justamente para explicitar que, ao mesmo tempo em que ela rasteja, muita coisa acontece naquela pequena comunidade.
Inclusive, há uma hilária cena onde alguns estrangeiros perdidos pedem informação no bar da cidade, onde quase todos costumam se reunir para tomar uma cerveja e jogar conversa fora, e tentam perguntar aonde eles estão, os locais respondem “Disperata” e eis que um dos viajantes diz ao outro “eles estão desesperados” e seguem viagem.
Mesmo no meio de tanto desespero e dramas, o trio formado pelo prefeito Filippo, Pati e seu irmão, Angiolino (Antonio Carluccio) – que sonha em ser um grande mafioso – irão viver aventuras exageradas e hilárias, como na ligação que Angiolino recebe do Papa e quando decidem gravar um documentário para divulgar a construção de um zoológico nas terras do prefeito.
Apesar de algumas pontas soltas, principalmente no terceiro ato, quando o filme se prolonga mais do que devia, a história é tão cheia de bons momentos que eles sozinhos já fazem valer toda a experiência.
Há muita sinceridade ao vermos a paixão de Pati pela poesia, a indecisão do prefeito Filippo entre se entregar à paixão por uma aliada ou continuar lutando pela prosperidade de sua comunidade e até mesmo na mudança de Angiolino, que antes tentava envolver o sobrinho no crime e, após a ligação do Papa, transforma-se num homem completamente novo capaz até de corrigir um qualquer que joga lixo às margens da via.
Um feel good movie que não deixa o lado da crítica social de lado, mas que ganha muito mais apelo por seus personagens extremamente carismáticos.
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