Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald parece não ter tempo a perder. Logo na abertura encaramos Grindelwald (Johnny Depp) em sua cela, mantido preso pela MANCUSA (Congresso Mágico dos Estados Unidos da América) pelos eventos de Animais Fantásticos e Onde Habitam, mas logo vemos os preparativos para sua transferência à Europa, onde será julgado por seus crimes, numa sequência bastante frenética que culmina em sua fuga.
Depois somos levados ao encontro de nosso tímido herói Newt Scamander (Eddie Redmayne) em Londres. Quando Newt é convidado para assumir um cargo no Ministério da Magia em troca de sua liberdade para viagens internacionais, ele responde a seu irmão que os fins não justificam os meios.
Enquanto os créditos finais de Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald subiam, me perguntei: será que, ao fim da franquia, cinco filmes justificarão as aventuras de Scamander e Dumbledore contra Grindelwald? Por este segundo filme, onde a tal frase de Scamander também se encaixa, começo a ter minhas dúvidas.
Diferente do primeiro filme – que é redondo e funciona como história isolada -, esta sequência tem grande dificuldade para se manter firme até o final. A roteirista J.K. Rowling, o diretor David Yates e o editor Mark Day (que trabalhou com Yates nos últimos quatro filmes da franquia Harry Potter) não conseguem encaixar todas as peças de maneira satisfatória.
Parece que a história não sai do lugar, já que os personagens do primeiro filme são subutilizados: o romance de Queenie (Alison Sudol) e Kowalski (Dan Fogler) é enfraquecido; Tina (Katherine Waterston) é quase descartada e fadada a momentos constrangedores com Newt; os novos personagens são pouco desenvolvidos e a maioria deles desinteressantes. Leta Lestrange (Zoë Kravitz) e Alvo Dumbledore (Jude Law) são os poucos que conseguem fugir do fan service, diferente de outros personagens que parecem funcionar como easter eggs, mas são jogados no meio de tudo sem preocupação com linha do tempo ou qualquer coerência narrativa.
Pottermania
Com certeza, os fãs mais assíduos e estudiosos da pottermania irão notar que uma personagem clássica ainda não havia nascido na época em que se passa a história, assim como é discutível a presença irrelevante de uma outra personagem que J.K. Rowling supostamente mantinha a origem em segredo há 20 anos.
Apesar dos problemas de roteiro e da edição retalhada, a trilha de James Newton continua ótima e David Yates consegue mais uma vez imprimir o tom sombrio que a história precisa. É um filme mais denso que o anterior – que tinha um tom mais leve de aventura com elementos de humor e romance – e com uma sensação de perigo ainda maior, afinal, Grindelwald está reunindo seu exército de asseclas.
Aliás, a presença de Grindelwald é justamente um dos problemas. O vilão não mostra a que veio e se esconde atrás deste exército que está formando, embora um (contido) Johnny Depp dê indícios que, enfim, se encontrou em um personagem sem precisar chamar mais atenção do que o necessário.
Vale salientar também que o 3D do filme é um dos pontos positivos do filme, assim como o CGI. As cenas de ação não são tão empolgantes, com exceção da abertura e outra no terço final da projeção, onde uma reconstituição histórica mostra como a ameaça de Grindelwald conversa de maneira clara com o mundo não-mágico e deixa não só seus seguidores boquiabertos.
Em resumo, Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald é apenas o segundo capítulo de uma quintologia e, por isso, não funciona sozinho. Se por um lado não diz muito a que veio, ao menos dá sinais de que uma batalha grandiosa está por vir.
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