Review | Apóstolo [Netflix]

O diretor Gareth Evans, dos eletrizantes Operação Invasão 1 e 2, dá uma mudada de tom neste Apóstolo, deixando de lado os planos sequência e a ação insana dos indonésios policiais para focar em uma história calcada nos mistérios de um thriller genérico, ainda que seu estilo de filmar faça a diferença no final das contas.

De início, a história parece ser um mix de Sangue Negro com O Sacrifício (remake de O Homem de Palha). Michael Sheen (Tron: O Legado) é o pastor à frente da comunidade e Dan Stevens (A Bela e a Fera) é o forasteiro que chega à ilha sem ser convidado, mas ambos são prejudicados pela primeira hora arrastada e prolongada demais. No segundo ato, Evans muda o tom e decide dar, enfim, importância e protagonismo aos personagens de Stevens e Mark Lewis Jones, mal aproveitados até então.

Com isso, a história tem uma guinada positiva. Saem de cena o mistério e o tom sombrio da primeira hora e surge uma sensação de urgência e o gore, num terceiro ato banhado em sangue, onde o desespero dos personagens e suas lutas pela sobrevivência são angustiantes.

Evans se sente muito mais à vontade quando filma as cenas com carga mais pesada e de embate corpo a corpo. Graças à sua técnica, é capaz de nos imergir na história, permitindo que compartilhemos a angústia dos personagens – um exemplo: a cena da mesa da tortura, na qual o personagem vivido por Bill Milner seria purificado.

Essa mudança de tom faz Apóstolo terminar muito bem, mas é injustificável o filme ter uma duração tão longa, já que os personagens não são tão complexos e, em sua parte final, o roteiro ainda precise se apoiar em flashbacks e diálogos expositivos demais, que poderiam ter sido distribuídos em suas duas horas de duração.

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