Review | As Marvels

As Marvels, continuação de Capitã Marvel, chegou aos cinemas cercado de suspeitas e em meio à crise de sua nave-mãe, o Universo Cinematográfico Marvel (UCM). O filme não é perfeito, mas é divertido e sustentado pela interação entre suas três protagonistas, principalmente a jovem Kamala Khan/Ms. Marvel, em atuação memorável de sua intérprete Iman Vellani. Muito melhor que Thor: Amor & Trovão e Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania.

Lendo/assistindo as críticas de Roberto Sadovski, Isabela Boscov e Érico Borgo, parece que estamos falando de um Scorsese ou Almodóvar. Não é. Se o diretor de Assassinos da Lua das Flores (se você ainda não viu na telona, vá!) exagera ao dizer que filmes de super-heróis não são cinema (e o que é cinema, cara-pálida?), o fato é que são mais produtos industriais – note que a sétima é a mais industrial das artes – que obras autorais, especialmente o até outro dia bem-sucedido Universo Cinematográfico Marvel.

Eu mesmo tenho minhas ressalvas ao idolatrado Vingadores: Ultimato (viagem no tempo vide bula?), mas é entretenimento, e não filme do Nolan. As Marvels é uma perfeição? Certamente que não, ainda mais tendo óbvios sinais que foi picotado na sala de edição (a diretora Nia da Costa não participou da pós-produção por compromissos previamente assumidos – hello?) para ajustar a narrativa dentro da fórmula Marvel.

A vilã Dar-Benn (dá-lhe quinta série) é fraquíssima (dizem que a atriz Zawe Ashton é melhor que aquilo, mas…), o embate final bobo e a trama é incongruente. Mas, quando Carol Danvers (a oscarizada Brie Larson), Monica Rambeau (Teyonna Parris) e Kamala Khan (Iman Vellani) atuam juntas, o filme diz a que veio.

Brie, estrela não só do filme, mas do UCM, só sai do piloto automático quando interage com as colegas, principalmente Iman. Além disso, seu poder não é escalonado como se deve no filme: para alguém que tem o poder de uma estrela (literalmente, como se verá) e encarou Thanos mano a mano, ter trabalho para bater num bando de krees não é convincente.

Mas sua cena no “planeta-água” é hilária. Samuel L. Jackson é cada vez mais Samuel L. Jackson e menos Nick Fury (o final da série Guerras Secretas é ignorado) e a família Khan é divertida, mas perdida no rolê.

Sem os momentos de sororidade (haters odiarão ainda mais) tudo seria apenas um prólogo para as cenas pós-créditos (na verdade, só uma é tecnicamente depois dos letreiros), que, sim, apontam para novos caminhos do MCU.

Mas tenho uma séria suspeita que vai flopar e colocar cada vez mais em xeque a posição de Kevin Feige. Duvida que tem gente louca para puxar o tapete do Zé do Boné?

Marcos Kimura http://www.nerdinterior.com.br

Marcos Kimura é jornalista cultural há 25 anos, mas aficionado de filmes e quadrinhos há muito mais tempo. Foi programador do Cineclube Oscarito, em São Paulo, e técnico de Cinema e Histórias em Quadrinhos na Oficina Cultural Oswald de Andrade, da Secretaria de Estado da Cultura.

Programa o Cineclube Indaiatuba, que funciona no Topázio Cinemas do Shopping Jaraguá duas vezes por mês.

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