Review | Elvis

 

Austin Butler e Tom Hanks entregam uma visão bela, dinâmica e arrebatadora da história do Rei do Rock

Antes de mais nada, esta não é exatamente uma biografia de Elvis Presley (mesmo sendo infinitamente mais fiel à vida real que, por exemplo, Bohemian Raphsody), mas a visão do diretor Baz Luhrmann sobre o homem e o mito. E essa visão é bela, dinâmica e arrebatadora.

O roteiro é centrado na relação entre o Rei e seu empresário, o autodenominado coronel Tom Parker, em um raro papel de vilão de Tom Hanks, debaixo de toneladas de maquiagem, que não o impede de dar uma atuação muito além do piloto automático de trabalhos recentes.

O Parker de Hanks é uma figura mefistofélica, que identifica imediatamente a grandeza potencial de seu futuro pupilo, mas como uma máquina de fazer dinheiro e não como um artista revolucionário.

A gênese de Elvis, interpretado pelo quase desconhecido Austin Butler, por outro lado, é contada de forma ‘áudio-musical’, sem muito blá-blá-blá, mas deixando evidentes as influências que fizeram dele o garoto branco que se apresentava em palcos de country music, cantando e e se movendo como um negro. E pior: fazendo moças de família sentirem coisas inadequadas nos moralistas anos 50.

Apesar do peso – literalmente – de Hanks, o forte do filme é justamente a atuação de Butler como Elvis, especialmente no palco. Na fase jovem do Rei, a voz é do próprio ator, que junto com sua atuação física encarna a força da natureza que eram suas apresentações, gerando não apenas a lenda, mas o próprio rock enquanto cultura contestadora.

Já no período Las Vegas, Luhrmann mixa o ator com o biografado, provavelmente por conta do envelhecimento da voz e da qualidade das gravações originais, bem melhores que da época dos vinis em monos de 78 rpm. Entre as duas eras, há o crucial show de Natal na TV em 1968, que é mostrado em detalhes no filme.

Fã ou não do cantor, é impossível ficar indiferente a Elvis, que como mostra Baz Luhrmann, continua vivo na cultura pop.

Marcos Kimura http://www.nerdinterior.com.br

Marcos Kimura é jornalista cultural há 25 anos, mas aficionado de filmes e quadrinhos há muito mais tempo. Foi programador do Cineclube Oscarito, em São Paulo, e técnico de Cinema e Histórias em Quadrinhos na Oficina Cultural Oswald de Andrade, da Secretaria de Estado da Cultura.

Programa o Cineclube Indaiatuba, que funciona no Topázio Cinemas do Shopping Jaraguá duas vezes por mês.

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