Review | Thor: Amor e Trovão

Thor: Amor e Trovão, um dos filmes mais aguardados do ano, estreia esta semana e já assisti. De cara, já aviso: se Doutor Estranho no Multiverso da Loucura não era indicado para crianças muito pequenas por conta da violência gráfica, aqui, os pais podem ficar sossegados porque a garotada é o principal público-alvo.

Mesmo o prólogo de apresentação do vilão Gorr (Christian Bale, o Batman de Christopher Nolan), que é dramático, é amenizado para menores de idade.

Aquele humor de Taka Waititi, tão elogiado em Ragnarok, aqui vai mais longe, transformando Thor (Chris Hemsworth) em um palhaço para crianças, ainda mais acompanhado pela narração do próprio diretor, como a voz de Korg. O guerreiro formidável dá lugar a uma versão live action de Groo, o Errante.

Enquanto o Deus do Trovão cansa até seus companheiros de aventuras espaciais, os Guardiões das Galáxias, na Terra, Jane Foster (a oscarizada Natalie Portman) está agonizando com um câncer terminal, exatamente como nos quadrinhos, com direito a cameo não-creditado de Kat Dennings (hoje, uma atriz mais famosa do que em sua primeira participação no MCU), novamente como a assistente-agora-cientista Darcy.

A ex de Thor sente o chamado do Mjolnir, agora em pedaços, como peça de exposição na Nova Asgard e então… Não é spoiler porque está no trailer, mas ao se tornar a versão feminina de Thor, ela não apenas fica musculosa, como mais alta, como os enquadramentos em perspectiva forçada fazem questão de mostrar, assim como o doutor Donald Blake das HQs originais de Stan Lee e Jack Kirby.

Panteão dos Deuses

A chegada de Gorr ao refúgio dos asgardianos na Terra, raptando as crianças do local, leva ao reencontro de Thor com Jane/Poderosa Thor, e a uma força-tarefa formada pelo ex-casal, mais Valquiria (Thessa Thompson, perdida no rolê) e Korg, cuja primeira parada é um mundo habitado pelos deuses mais poderosos de todos os panteões, do Olimpo aos Maias e Egípcios.

É lá que reina o Zeus de Russell Crowe, mais uma vez entediado em ser uma estrela de cinema, em atuação quase tão constrangedora quanto em Les Miserables. A única função deste longo segmento é dar contexto para a primeira cena pós-crédito (são duas, como de hábito).

À exemplo de Jon Favreau, que usou e abusou do AC/DC nos dois primeiros Homem de Ferro, Waititi manda bala em vários hits do Guns N’ Roses. Mas quer saber? Nenhuma dessas cenas de Amor e Trovão chega perto do hype de Master of Puppets, no último episódio de Stranger Things.

Houve quem acusasse o filme de ser o mais do mesmo da Marvel. Pior que não: é um movimento do MCU para conquistar novas plateias, no caso, crianças. Lembre-se que essa narrativa que começou em 2008 teve seu primeiro clímax dez anos atrás – com o primeiro Vingadores – e basicamente fechou seu primeiro ato com Ultimato, no longínquo 2019, antes da quarentena.

A série em curso no Disney+, Ms. Marvel, se insere nesse contexto. A nós, marveletes de carteirinha, é direcionado Doutor Estranho no Multiverso da Loucura e seu festival de easter eggs. É obviamente um momento de transição das produções encabeçadas por Kevin Feige, cujo próximo grande passo é inserir o Quarteto Fantástico e, principalmente, os lucrativos mutantes dentro de seu megalomaníaco guarda-chuva.

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