Review | As Tartarugas Ninja: Caos Mutante

Criadas por Kevin Eastman e Peter Laird em 1984 e apresentadas pela primeira vez em Teenage Mutant Ninja Turtles #1, da Mirage Comics, as Tartarugas Ninja se tornaram um fenômeno da cultura pop com revistas, jogos, animações e filmes que insistem em ocupar o público nestes últimos (quase) 40 anos.

Mesmo ‘nascidas’ nos quadrinhos (a editora Pipoca & Nanquim publicou recentemente as histórias clássicas em seis edições de capa dura), foi através das animações, jogos e filmes que Leonardo, Donatello, Raphael, Michelangelo e o mestre Splinter tornaram-se alguns dos personagens mais queridos pelo público brasileiro.

A primeira animação veio em 1987 e foi ao ar durante nove temporadas, trazendo algumas mudanças nos personagens, como novas cores de bandanas para cada tartaruga e a mudança de profissão de April O’Neil, que se tornou uma repórter. Outras versões vieram em 2003, 2012 (depois que a Nickelodeon comprou os direitos dos personagens em 2009) e 2018.

Mas nada se compara ao primeiro live-action, lançado em 1990 e que se tornou o filme independente mais lucrativo da história até 1999, ao custar 13 milhões de dólares e arrecadar mais de R$ 200 milhões.

Utilizando efeitos práticos, o filme conquistou os fãs e garantiu mais duas continuações: O Segredo de Ooze (1991) – também conhecido pelo Ninja Rap de Vanilla Ice – e As Tartarugas Ninja 3 (1993).

Em seguida, vieram outros filmes como Tartarugas Ninja – O Retorno (2007), Turtles Forever (2009), Teenage Mutant Ninja Turtles (2014), As Tartarugas Ninja: Fora das Sombras (2016), Batman vs Tartarugas Ninja (2019) e O Despertar das Tartarugas Ninja: O Filme (2022). Mas nenhum com grande destaque entre os antigos e novos fãs dos personagens.

NOVA GERAÇÃO

Parece clichê dizer que As Tartarugas Ninja: Caos Mutante, que estreia hoje nos cinemas, é uma tentativa de atrair um novo público às histórias do quarteto. Mas a verdade é que se trata exatamente disso.

Porém, vale destacar, não há nada de errado nisso. Muito pelo contrário: a nova aventura é divertida e apresenta os personagens com muito humor, além de discutir temas recorrentes na franquia: adolescência e aceitação. Se o drama é garantido, imagina se você for uma tartaruga mutante adolescente.

As características de Leonardo, Donatello, Raphael e Michelangelo foram mantidas, mas a origem dos personagens, contada de forma rápida e dinâmica, surpreende e garante novas risadas. O novo Splinter – que não é chamado de mestre nesta aventura – pode causar estranheza, mas é muito século 21 (sem spoilers, jovens).

O vilão de Caos Mutante é outro ponto positivo e foge da figura do Destruidor e do Clã do Pé, que seriam as escolhas óbvias. Mas a escolha pelo Supermosca, outro mutante em busca de seu lugar no mundo, dá força aos dramas vividos pelas tartarugas.

Todas estas decisões partem de uma das mentes mais ativas de Hollywood na atualidade: Seth Rogen, cuja filmografia é tão extensa e sortida, que é até difícil imaginar de onde vem tanta inspiração. Em entrevista ao Jovem Nerd, o roteirista cita como inspiração os filmes da Marvel e até mesmo The Boys.

Se o roteiro cumpre o papel de (re)apresentar As Tartarugas Ninja para uma nova geração, a parte técnica completa esta missão. Caos Mutante é dirigido pela dupla Kyler Spears, de Minions 2, e Jeff Rowe, de A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas, que trouxe a técnica ‘aquarelada’ da animação disponível na Netflix para esta aventura.

Alguns também podem notar certa similaridade com momentos de Homem-Aranha Através do Aranhaverso – e isso é ótimo. Sou leigo o bastante para NÃO saber o nome da técnica empregada, mas posso dizer que fica ótimo na telona e privilegia as cenas de ação. Já é mais que suficiente.

Ao final, As Tartarugas Ninja: Caos Mutante mexe levemente na origem dos personagens criados por  Kevin Eastman e Peter Laird, mas com o intuito único de atualizá-la para a geração do ‘faça você mesmo’.

Importante mesmo é que a interação entre os irmãos Leonardo, Donatello, Raphael e Michelangelo continua fluindo, mesmo que cada um traga uma característica própria. É aqui que reside a força das tartarugas: na irmandade – e na capacidade de descer o braço nos vilões.

 

ATENÇÃO: o filme conta com uma (importante e breve) cena pós-crédito

 

Para encerrar este texto com chave de ouro, dance o Ninja Rap com Vanilla Ice:

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