Review: Fallout: 1ª Temporada (Prime Video)

Estreou na última quinta-feira, dia 11, Fallout, a adaptação de uma das mais famosas séries de games, sob a batuta do casal Jonathan Nolan e Lisa Joy, também responsáveis por Westworld. A história se passa numa Terra alternativa onde o fim da civilização aconteceu nos anos 1950, quando a Guerra da Coréia parece ter se estendido num conflito direto entre s EUA, URSS e China. Alguns americanos escolhido$ se esconderam em enormes abrigos subterrâneos denominados Refúgios (Vault, em inglês), e por lá ficaram por 200 anos. É quando a jovem Lucy MacLean (Ella Purnell, de O Lar das Crianças Peculiares), do Refúgio 33, se candidata a se casar com alguém do vizinho 32, para evitar a consanguinidade. Durante o casamento, seu pai, Hank (Kyle MacLaclhan, de Twin Peaks), o supervisor da comunidade, é sequestrado por um bando vindo do mundo exterior. Lucy decide restagatá-lo por sua conta e risco e vai para a superfície armada somente com alguns suprimentos e uma arma tranquilizante.

A primeira cena da série é uma festa infantil na qual o cowboy de cinema Cooper Howard (Walter Goggins, de Justified e Os Oito Odiados) está animando uma festa infantil, na companhia da filha Janey (Teagan Meredith), quando acontece o ataque nuclear que deflagra o apocalipse. Ele reaparece duzentos anos mais tarde como um caçador de recompensas necrofito (ghoul, em inglês), que é um sobrevivente do mundo radioativo, que é mantido vivo por um soro restaurador. Ele vai cruzar o caminho de Lucy e vai lhe ensinar algumas lições de vida naquele mundo sem lei.

Outro co-protagonista é Maximus (Aaron Moten, de Emancipation _ A Luta pela Liberdade), recruta da seita paramilitar Irmandade de Aço que sonha em se sagrar cavaleiro, uma elite que veste uma armadura de alta tecnologia. Tornado escudeiro de um deles, Maximus acaba assumindo o equipamento e a identidade de seu mestre, e nessa condição encontra Cooper e Lucy.

O roteiro mistura distopia pós-apocalíptica com faroeste, com tecnologia retro referentes aos anos 1950, que é quando a civilização acaba. É interessante tirar Kyle MaCalachlan do limbo justamente quando Duna virou o hype da temporada (para quem não sabe, ele foi o Paul Atreides da versão de 1984), a escolha de Walter Goggins, que foi o antagonista do western contemporâneo Justified, para ser um tipo Jonah Hex. A jovem Ellen Purnell também constrói sua Lucy misturando ingenuidade de quem foi criada longa do mundo real e resolução quando confrontada com os desafios de um ambiente que ela não domina. O ponto fraco é Moten, mas por conta de seu personagem, que é idiota a um nível implausível num ambiente em que erros são fatais.

Curiosamente, a abertura do episódio 7 é praticamente uma recriação de uma cena de Três Homens em Conflito, em que Lee Van Cleef surge comendo na casa de um camponês, ameaçando a ele e sua família. Acho que representa a transformação de Copper, de cowboy da América ideal, uma espécie de John Wayne, para o pistoleiro de western spaghetti, uma revisão do gênero clássico para uma época menos ingênua (made in Europe). Da mesma forma Lucy deixa seu refúgio de privilégios para se deparar com o feio mundo real, e descobrindo, no final da temporada, o preço de tudo aquilo.

Não é à toa é a numero um do Prime Video e deve ganhar uma segunda temporada, já que a Amazon é bem menos dura que a Netflix quando se trata de dar continuação às suas séries (por exemplo, ainda não foi confirmada uma segunda temporada de O Problema dos Três Corpos, apesar do hype). Recomendo com ótimo entretenimento.

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