Review | Ghostbusters: Mais Além

O cinema dos anos 80 rendeu grandes clássicos que, mesmo sem a tecnologia atualmente disponível, fizeram o público acreditar na chegada de extraterrestres, em viagens no tempo, em um futuro distópico onde androides são confundidos e caçados por humanos, e até mesmo na possibilidade de se caçar fantasmas.

Foi assim que, com o roteiro de Harold Ramis e Dan Aykroyd em mãos, o diretor Ivan Reitman criou um dos maiores clássicos de todos os tempos: Os Caça-Fantasmas, lançado em 21 de dezembro de 1984, e que ganhou uma continuação em 14 de dezembro de 1989. Harold e Aykroyd também integraram o elenco principal, junto com Bill Murray e Ernie Hudson na formação dos Caça-Fantasmas, além de Rick Moranis e Sigourney Weaver.

Desde então, muito se especulou sobre um provável terceiro filme, algo que nunca aconteceu, por motivos que só os bastidores de Hollywood podem confirmar. Sem a possibilidade de reunir a trupe original, o jeito foi recontar a história com quatro mulheres como protagonistas, no filme lançado em 2016 – e execrado por muita gente.

Tropeços à parte, o filme serviu para mostrar que, mesmo 30 anos depois, o interesse do público pela arte de caçar fantasmas ainda existia. Assim começou o caminho para Ghostbusters: Mais Além, em cartaz nos cinemas, que ignora o filme de 2016 e traz velhos rostos conhecidos do filme de estreia dos Caça-Fantasmas.

O novo filme conta a história de Callie (Carrie Coon, de Garota Exemplar), filha de Egon Spengler (Harold Ramis), a quem nunca conseguiu chamar de pai. Ao lado de seus filhos, Trevor (Finn Wolfhard, de Stranger Things) e Phoebe (Mckenna Grace, de Annabelle 3), ela se muda para a interiorana cidade de Summerville depois que seu pai morre e ela é despejada de seu apartamento.

Por lá, Trevor conhece Lucky (Celeste O’Conner), e a introvertida, porém muito inteligente Phoebe, faz amizade com Podcast (Logan Kim), em uma daquelas amizades improváveis que valem o ingresso. Aos poucos, a menina – que lembra seu avô o tempo todo, graças ao talento de Mckenna – descobre que os terremotos que abalam a pequena Summerville não tem relação alguma com tremores sísmicos.

Demora, mas engrena

A primeira metade de Ghostbusters: Mais Além se dedica a apresentar os novos personagens e a situar o perigo à espreita. Talvez por isso, o filme demore a engrenar, o que pode causar certo incômodo a um público ainda desacostumado ao hábito de caçar fantasmas com mochilas protônicas.

Sim, elas estão no filme, assim como as armadilhas, o Cadillac Miller-Meteor Ecto-1 e outros itens (e momentos) que farão os mais velhos recordarem o clássico com muito saudosismo. Aliás, essa é a palavra de ordem nesse novo Caça-Fantasmas. Ao longo do filme, vamos descobrindo o que aconteceu com os integrantes originais e as razões pelas quais Egon se mudou para a pacata Summerville.

Sem dar spoilers, é possível dizer que Egon foi o único que se manteve um Caça-Fantasmas após os acontecimentos dos filmes originais. E é através deste esforço do genial cientista, e da herança genética de Phoebe, que a figura de uma velha conhecida aparece para dar trabalho aos novos Caça-Fantasmas.

Ghostbusters Kids

Críticos e espectadores – entre eles, nossos amigos Irmãos Piologo – criticaram as escolhas feitas por Jason Reitman, filho de Ivan Reitman, diretor dos filmes originais, que divide o roteiro com Dan Aykroyd e Gil Kenan (A Casa Monstro).

No entanto, após mais de 30 anos de ausência, como trazer de volta os Caça-Fantasmas originais, principalmente após a morte de Harold Ramis em 2014, aos 69 anos? “Eu queria contar uma história sobre o restante de nós. Todos aqueles que sempre quiseram ser um Caça-Fantasmas. A emoção para mim é de contar algo tão pessoal dentro de um grande filme de entretenimento. A ideia que eu tive de trazer isso é meio que o legado da minha família, enquanto contava um pouco da minha história. Foi muito gratificante”, contou Jason Reitman em entrevista à jornalista Renata Boldrini, parceira da Ingresso.com.

E é nesse ponto que o novo filme se encontra com a produção de 2016. “Queria fazer um filme sobre família e para milha filha. Ela tem a mesma idade que a Phoebe e minha vontade era criar uma heroína para ela. Uma jovem brilhante e incompreendida que se torna uma heroína ao colocar nas costas aquela mochila de prótons”, conta o diretor.

Em sua segunda metade, Ghostbusters: Mais Além engrena e entrega bons momentos, alguns deles com a participação do Sr. Grooberson, professor vivido por Paul Rudd (Homem-Formiga). Novos e antigos fantasmas (atenção para os pequenos monstros de marshmallow Stay Puft) surgem, dando mais agilidade ao filme, que termina entregando uma dose extra de nostalgia.

Independente das escolhas tomadas por Jason Reitman para retomar a franquia, saí do Topázio Cinemas com aquela sensação de rever velhos amigos. Poderia ter sido diferente? Claro. Poderíamos ter mais dos Caça-Fantasmas? Óbvio. Mas o fato é que este novo filme existe justamente para apresentar a franquia para uma nova geração. Agora, é deixar o passado e pensar no futuro.

Assim, misturando nostalgia, laços familiares e um novo quarteto de amigos, Ghostbusters: Mais Além cumpre seu papel. Você pode não gostar, mas tem que respeitar os Caça-Fantasmas. Afinal de contas, quando as aparições começarem, quem você irá chamar?

OBS: Se você é fã da franquia, não tente passar ileso à música tema de Ray Parker Jr. Não dá. Mas, principalmente, não saia da sala de cinema antes de conferir as DUAS cenas pós-crédito. A segunda, aliás, abre uma janela de possibilidades para uma nova aventura dos Caça-Fantasmas!

 

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