Review | Godzilla vs Kong

Maior bilheteria na estreia nos cinemas desse o início da pandemia e recordista de acessos na HBO Max (deixando para trás Mulher Maravilha 1984 e a Liga da Justiça de Zach Snyder), Godzilla vs Kong deve chegar ao Brasil no final de abril.

O filme de Adam Wingard (do detonado Death Note) começa em ritmo acelerado, passando por cima de apresentações e explicações, para ir o mais rápido possível ao que interessa, que é o encontro entre King Kong e Godzilla (parece ser regra ter sempre um japonês de plantão para pronunciar de forma correta, Gojira). E a primeira batalha, que acontece no meio do oceano, bota tudo para quebrar.

Em termos de comparação, as lutas titânicas são melhores que a destruição que Michael Bay costuma promover com seus Transformers, mas fazem a gente ter saudade dos kaijus e jaegers de Círculo de Fogo de Guillermo Del Toro. Mas o Team Godzilla tem motivos para se queixar: o protagonista aqui é Kong, tanto é que o filme começa e acaba com ele. Ele tem tanto destaque que ganha uma citação de 2001 – Uma Odisseia no Espaço.

Desperdício

O que é mais melancólico é o desperdício de elenco humano. Vá lá que a estreia do lagarto radioativo japonês no longínquo 1953 contava com o grande Takashi Shimura (Os Sete Samurais, Rashomon, Viver) e a futura vencedora do Oscar, Jessica Lange, fez seu debut no cinema como a musa do gorilão, na versão de 1976. Mas Rebecca Hall (de Vicky Cristina Barcelona e Atração Perigosa, uma das atrizes mais promissoras da sua geração), Alexandre Skarsgard (que ironicamente interpretou Tarzan do Macacos) e Demian Bichir (indicado ao Oscar por Uma Vida Melhor) fazem tipos genéricos, sem nenhuma construção; enquanto Millie Bobby Brown e Kyle Chandler estão lá só para fazer ligação com Godzilla II – Rei dos Monstros.

Millie Bobby Brown e o diretor Adam Wingard

O fio narrativo é apenas uma justificativa para ligar uma porradaria a outra, com direito a um terceiro participante nesse ménage de colossos. Tudo bem que estamos num universo em que bichos com mais de 100 metros podem ficar de pé, mas ir para o centro da Terra como quem pega um metrô para Itaquera é um pouco demais.

Se vale a pena? Só se você está interessado somente nesse encontro dos mais famosos monstros gigantes do cinema. Mas ainda assim, não faria mal se o roteiro fosse melhor estruturado e os humanos tivessem mais o que fazer além de gritar, correr e morrer (neste caso, os figurantes e antagonistas, é claro).

 

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