O Topázio Cinemas promoveu no dia 27 de junho uma pré-estreia para convidados de Indiana Jones e a Relíquia do Destino. O público era formado por uma mescla de gerações, desde quem viu a franquia desde Caçadores da Arca Perdida, de 1982, até quem só conheceu o arqueólogo mais famoso do mundo a partir de O Reino da Caveira de Cristal, de 2008.
Se esta despedida de Harrison Ford do papel tinha uma missão, era tirar o gosto ruim da aventura anterior, de longe a pior dos quatro filmes até então. Alguns atribuíram o fracasso à idade avançada – 66 anos – do protagonista. Pois o astro, que completou 80 anos em 2022, calou a boca de todo mundo.
Com 10 anos a mais que seu personagem – que teria 70 em 1969, segundo a série O Jovem Indiana Jones (1992-1993) – Ford esbanja charme, carisma e boa forma (parece, ao menos, ter a idade do herói), ao mesmo tempo que carrega os anos de história dos quatro longas anteriores. Até a incômoda lembrança de seu filho, vivido por Shia Lebeouf – ator que destruiu sua promissora carreira – em O Reino da Caveira de Cristal, acaba sendo usada na trama.
O professor Henry Jones Jr. acorda ao som de The Magic Mistery Tour, dos The Beatles, a todo volume (em inexplicável Dolby Stereo) vindo do apartamento vizinho. É o Dia da Lua, quando Nova York receberia a tripulação do Apolo 11 em uma parada triunfal. Já na sala de aula, sua classe entediada e desinteressada contrasta com as turmas de 1936 (Caçadores da Arca Perdida), de 1938 (A Última Cruzada) ou até de 1957 (O Reino da Caveira de Cristal).
À exceção de uma inglesa no fundo da sala, que descobrimos ser a filha de Basil, Helena (Phoebe Waller-Bridge, de Fleabag), que também é afilhada de Indy. Ela pergunta ao padrinho sobre uma relíquia que ele e seu pai viram durante a aventura na guerra, sem saber que está sendo seguida por uma agência governamental. Logo descobrimos que Voller foi recrutado pelos americanos após a guerra, mudou o nome para Schmit, se tornou figura importante para o programa espacial, e está em busca do mesmo artefato, a máquina de Anticítera, que de fato existe (ao contrário da Caveira de Cristal, uma enganação reconhecida) e é um dos maiores mistérios da arqueologia.
A partir daí temos um festival de easter eggs, como o cameo de John-Rhys Davies como Sallah (Caçadores da Arca Perdida e A Última Cruzada), tiroteio em cassino (O Templo da Perdição), a participação de um sidekick juvenil (Ethann Isiodore como Teddy, repetindo o Shorty Round de Ke Huy Qan em O Templo da Perdição), corredor de insetos nojentos (O Templo da Perdição), enigmas para acessar templos (Caçadores da Arca Perdida e A Última Cruzada) e, finalmente, o final remetendo ao início de tudo.
Acho que James Mangold acabou sendo recrutado por conta do desfecho que deu ao Wolverine de Hugh Jackman em Logan. Só que aqui a missão era muito mais desafiadora. Não haverá Indiana Jones sem Harrison Ford, e o ator fez questão de deixar isso claro em sua despedida. Um personagem que já nasceu saudosista, fruto das matinês escapistas assistidas pelos garotos George Lucas e Steven Spielberg, e que acabou virando ícone de aventura e heroísmo para outros garotos nascidos a partir das segunda metade do século XX.
Se seu capítulo final tem como pano de fundo a corrida espacial e a Operação Paperclip (jogue no Google para saber mais), também estreia em um momento em que os fãs de cinema assistem a decadência dos super-heróis e a ascensão do streaming. Independente disso e por tudo isso, o maior herói de ação de todos os tempos na telonas merece uma ida ao cinema mais próximo para seu adeus.
ALERTA!
Se você já assistiu ao filme, vale relembrar a cena abaixo:
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