Review | O Grande Mestre (Amazon Prime Video)

O sucesso de Shang-Chi e a Lenda do Dez Anéis trouxe de volta o interesse pelos filmes de kung fu, que andavam meio esquecidos. Talvez pensando no hype, o Amazon Prime Video trouxe ao seu catálogo O Grande Mestre, estrelado justamente por Tony Leung, intérprete de Wenwu, o pai de Shang-Chi.

O Grande Mestre não é apenas um filme de luta, mas uma obra de arte assinada por Wong Kar-Wai, um dos grandes nomes do cinema contemporâneo, o primeiro chinês a vencer o prêmio de Direção do Festival de Cannes por Felizes Juntos, em 1997.

É importante não confundir esta produção com O Grande Mestre de 2008, estrelado por Donnie Wu, que deu origem a uma franquia de quatro filmes, com o mesmo personagem histórico, Yip Man, famoso por ter sido o mestre de Bruce Lee.

O filme de Wong Kar-Wai demorou um ano só para ser editado e traz seu estilo consagrado, com um visual requintado, trilha sonora esmerada e sentimentos expressos nos olhares e gestos mínimos. E faz com que seu herói divida a história com uma mulher, uma mestra tão boa quanto ele.

Trama

A trama começa nos anos 30, quando Yip Man é um homem rico em Foshan que pode se dedicar ao wushu sem se preocupar com dinheiro. As coisas começam a mudar quando ele é escolhido para representar o estilo do sul num duelo contra o mestre Gong Yutien.

Ao invés de uma luta, o velho escolhe um desafio de sagacidade, e perde. A filha de Gong, Gong’er (a estrela Ziyi Zangh, de Memórias de uma Gueixa), decide recuperar a honra da família e enfrenta Man, dando início a uma longa relação entre os dois, que durante anos são separados pela distância e pela guerra contra os japoneses. Eles só se reencontram nos anos 50, com ambos expatriados em Hong Kong.

Wong Kar-Wai opta por uma narrativa mais intimista, fiel a seu estilo, mesmo com lutas épicas e com boa reconstituição de época. Ele prefere abordar a tragédia pessoal do protagonista do que mostrá-lo como herói da resistência contra a ocupação nipônica ou da tradição das artes marciais – não que isso seja esquecido.

É o último trabalho creditado do cineasta, e isso foi em 2013.

Marcos Kimura http://www.nerdinterior.com.br

Marcos Kimura é jornalista cultural há 25 anos, mas aficionado de filmes e quadrinhos há muito mais tempo. Foi programador do Cineclube Oscarito, em São Paulo, e técnico de Cinema e Histórias em Quadrinhos na Oficina Cultural Oswald de Andrade, da Secretaria de Estado da Cultura.

Programa o Cineclube Indaiatuba, que funciona no Topázio Cinemas do Shopping Jaraguá duas vezes por mês.

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