Review | Shang-Chi e A Lenda dos Dez Anéis

Ninguém mais duvida do poder da Marvel Studios e de sua importância para o cinema de entretenimento. Mas Kevin Feige e sua equipe continuam tramando novos planos para conquistar o mundo e desta vez, atingem em cheio um dos mercados mais promissores: o chinês, que já supera o norte-americano em arrecadação de bilheteria.

Por isso, é fácil compreender a escolha do estúdio para abrir sua Fase 4 nos cinemas. Shang-Chi e A Lenda dos Dez Anéis pode parecer uma escolha improvável – Guardiões da Galáxia também, lembra? –, mas serve perfeitamente como porta de entrada de um novo herói, em uma produção construída para agradar ocidentais e orientais, com referências, cenas de ação que parecem ter sido extraídas de um filme de Ang Lee, momentos descontraídos e um final apoteótico, como pede qualquer saga nos quadrinhos.

Logo de cara, somos apresentados a Shang-Chi (Simu Liu, de The Expanse) e a extrovertida Katy (Awkwafina, de A Despedida, mais uma vez ‘roubando’ as atenções), dois amigos que trabalham como manobristas. Mas logo o destino irá confrontar o jovem chinês, caçado pela organização Dez Anéis.

Assim descobrimos que o pacato manobrista é, na verdade, filho de Wenwu (Tony Leung, de Amor à Flor da Pele e O Grande Mestre), líder da organização, onde foi treinado em artes marciais. Correndo perigo, ele terá que rever a irmã Xialing (Meng’er Zhang), a quem deixou para trás quando abandonou a família e foi morar nos Estados Unidos, em busca de anonimato.

Novamente juntos, os irmãos descobrem que o pai quer, na verdade, encontrar a vila mística Ta Lo, de onde veio sua esposa Ying Li (Fala Chen), pois acredita que a falecida amada está viva. Aliás, o encontro entre os personagens rende um dos melhores momentos do filme, quando o poderoso Wenwu sucumbe ao poder do amor. Mais tocante, impossível.

Primeira aparição

A primeira aparição de Shang-Chi aconteceu em 1973 na revista Special Marvel Edition #15, criado por Steve Engleheart e Jim Starlin (também cocriador de Thanos). No Brasil, era conhecido como Mestre do Kung-Fu, mas o personagem nunca foi um verdadeiro sucesso de vendas.

No entanto, como em outras adaptações para a telona, pouco do que foi criado para os quadrinhos é utilizado. Estereótipos e caricaturas da época, que denunciavam o metafórico e racista ‘Perigo Amarelo’, são completamente esquecidos. A mistura de cenas de ação poderosas e artefatos mágicos ganha força, algo que a Marvel sabe utilizar muito bem em suas produções.

Destaque também para o elenco. Simu Liu convence ao criar um Shang-Chi com medo de encarar o passado, mas com determinação suficiente para enfrentá-lo em sua jornada de autoconhecimento. Mas é quando Tony Leung está em cena que o filme ganha força. O astro chinês cria um personagem que, apesar de sua força e ambição, quase não nos permite encará-lo como um vilão.

Mas se pensa que terminou, Michelle Yeoh (O Tigre e o Dragão) entra em cena, como a tia de Shang-Chi, fechando a lista de estrelas. Tudo muito bem orquestrado pelo diretor Destin Daniel Cretton (Luta por Justiça), que também assina o roteiro ao lado de David Callaham e Andrew Lanham.

Referências

Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis traz diversas referências. Algumas delas podem ser vistas no trailer, como a aparição do Abominável, vilão de O Incrível Hulk, outras estão guardadas no filme, com direito à resolução de uma grande polêmica entre os fãs da Marvel.

Ao final, é possível dizer que, enfim, o mercado asiático se faz muito bem representado no Universo Marvel. Trata-se de um dos melhores filmes de origem, mesmo que os fãs mais antigos afirmem não suportar mais produções do tipo. Pura bobagem. A Fase 4 ainda reserva surpresas.

Após dois terços de muita ação em cenas repletas de artes marciais, o clímax de Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis abraça as influências chinesas com direito a uma vila mística, animais mágicos e uma ameaça extraída de lendas seculares. Rola até um Kamehameha cheio de estilo.

Com muitos efeitos especiais e um final apoteótico, a Marvel Studios carimba sua fórmula e abre a Fase 4 com excelência. Kevin Feige prossegue em sua jornada para conquistar o mundo e nós, fãs de quadrinhos e suas adaptações, não poderíamos estar mais felizes com isso.

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