Review | Mrs. America (Star+)

O Star+ chegou à América Latina no último dia 31, tendo como grande atrativo séries e filmes da Fox, mas principalmente o esporte da ESPN.

Fuçando em seu catálogo achei uma série muito comentada nos EUA, mas nem tanto no Brasil, provavelmente por estar disponível no canal pago Fox Premium (quem assina isso?): Mrs. America, que deu a Uzo Aduba (Orange is The New Black) o Emmy de Atriz Coadjuvante em Minissérie ou Telefilme.

Mas mesmo com a grande atuação de Uzo, que vive Shirley Chisholm, a primeira mulher negra candidata à Presidência dos EUA (em 1972!), mais um elenco de respeito, o show é todo de Cate Blanchett, no papel de Phyllis Shlafly, líder antifeminista, que nos anos 1970 foi responsável por organizar a resistência contra lei de igualdade de direitos para as mulheres.

É quase como uma Baronesa, de Cruella, da vida real: alguém que não se conforma no papel que a sociedade lhe reservou e não hesita em usar pessoas e quaisquer meios para chegar onde almeja.

Suas antagonistas eram a grande geração do feminismo americano, formado pela pioneira Betty Friedam (a comediante Tracey Ullman); a própria Shirley, que era congressista; a militante Bella Abzug (a veterana Margo Martindale, premiada por The Americans e Justified); a assessora presidencial republicana Jill Hickelshaus (Elizabeth Banks); e, principalmente a popstar do movimento, Gloria Steinem, papel de Rose Byrne, que ficou a cara dela.

Phyllis era uma dona de casa rica, casada com uma bem-sucedido advogado (John Slatery, de Mad Men) e mãe de seis filhos. Era especialista em estratégia nuclear (a cena em que se dá conta que não é levada a sério por ser mulher é ótima) e havia perdido duas eleições para o Legislativo, quando vê na bandeira antifeminista um meio para ganhar posições no Partido Republicano.

Suas principais escudeiras são a admiradora Alice McCray (Sarah Paulson, queridinha de Ryan Murphy), a ambiciosa Rosemary Thomson (Melanie Lymskey, a eterna Rose de Two and Half Men) e a desprezada Pamela (Kayli Carter).

Rose Byrne (de óculos) como a líder feminista Gloria Steinem

São nove episódios, todos ótimos, e cada um leva o nome de personagens ou acontecimentos. Em Phyllis, somos apresentados à protagonista; em Gloria, conhecemos a editora da Ms. (revista responsável por resgatar a Mulher-Maravilha como símbolo de empoderamento, quando a DC não sabia o que fazer com ela) no auge de sua popularidade; Shirley relata a luta da congressista em manter sua histórica candidatura contra todos, inclusive, suas companheiras do movimento.

Betty foca na pioneira do feminismo, num momento em que ela se vê ultrapassada pelos acontecimentos; Phyllis & Fred & Brenda & Marc é centrado num debate entre casais, que acontece num momento crucial na vida dos dois pares; Jill nos apresenta Jill Hickelshaus, uma política republicana que se alinha às colegas radicais em pelo governo Gerald Ford; Bella destaca o momento em que Bella Abzug coordena o grande Encontro de Mulheres em Houston, patrocinado pelo governo Jimmy Carter.

Houston é sobre o evento em si, e as descobertas que Pamela e, principalmente, Alice fazem no local; e Reagan retrata o avanço conservador do ex-ator de Hollywood, quando os sonhos de Phyllis parecem prestes a se realizar.

Ao final, Mrs. America é uma aula de roteiro, direção, atuação e principalmente de história. De como o que parece inevitável nem sempre se cumpre. Imperdível para feministas e mulheres que postam frases empoderadas nas mídias sociais.

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