Review | O Homem Invisível e Cine Movie Car – A Experiência

homem invisivelNa última quinta-feira, 30 de julho, fui conferir o Cine Movie Car, o cinema drive-in que virou mania mundial por causa da Covid-19, trazida a Indaiatuba pelo Polo Shopping e Topázio Cinemas. O filme era O Homem Invisível, que estreou logo antes da quarentena que fechou as salas brasileiras.

Apesar de ter sido uma exibição única da produção, como ainda não há review aqui no Nerd Interior, falarei a respeito e também sobre a experiência com o Cine Movie Car.

O Homem Invisível é a mais recente tentativa da Universal de resgatar seus “monstros clássicos” (Drácula, Frankenstein, Múmia, Lobisomen e Homem-Invisível) para o século XXI. A ideia original era imitar a Marvel e criar um Monstroverso, com vários filmes que conversassem entre si.

Após diversos fracassos, que incluem Drácula – A História Não Contada (2014) e A Múmia (com Tom Cruise, de 2017), os executivos decidiram abortar o projeto de adaptar o “homem sem sombra” com Johnny Depp e apostaram numa produção menor, com um estúdio acostumado a fazer muito com pouco: a Blumhouse.

Para quem não sabe, seus créditos incluem Atividade Paranormal (2009), Fragmentado (2016) e Corra! (2016). Leigh Whannell (Jogos Mortais e Sobrenatural) escreveu o roteiro e assumiu a direção e – segundo ele mesmo – teve a sorte de ter Elisabeth Moss como protagonista. Sim, o personagem-título é o marido milionário e abusivo Adrian Griffin (Oliver Jackson-Cohen, da série A Maldição da Residência Hill), e Moss é Cecilia, a esposa que foge dele logo nos créditos.

O Conto da Aia

Não há como separar a atriz de sua criação mais recente e célebre: a June de O Conto da Aia, e sua história de superação e empoderamento. É uma abordagem completamente diferente do conto original de H.G. Wells, sobre um cientista amaldiçoado e enlouquecido pela invisibilidade, que no caso, é permanente. Paul Verhoeven em O Homem sem Sombra (2000), faz do personagem de Kevin Bacon um egocêntrico que rapidamente evolui para a psicopatia ao adquirir o superpoder. Aqui, Adrian já é previamente um maníaco controlador, que usa a invisibilidade para destruir a vida de Cecilia.

A construção da trama é engenhosa, sustentada pelo uso criativo da câmera e pela atuação de Moss. Sua personagem sofre um processo de gaslighting, abuso psicológico que visa fazer com que a vítima acredite que está enlouquecendo, cujo termo se origina do filme que deu o primeiro Oscar a Ingrid Bergman (no Brasil, Gaslight virou À Meia Luz). Só que vivemos um tempo em que as mulheres não são vítimas à espera de um resgate (muito menos a heroína de Handmaid’s Tale).

O elenco ainda conta com Harriet Dyer (do seriado InBetween, que só eu devo ter visto), Aldis Hodges (Estrelas Além do Tempo), Storm Reid (protagonista do fracassado Uma Dobra no Tempo) e Michael Dorman (For All Mankind, da Apple +, que só eu e o Fábio Alexandre assistimos).

Cine Movie Car – A Experiência

Como toda novidade em implantação, o processo precisa de ajustes, mas envolve muita sofisticação. Na entrada, é feita a medição de temperatura de todos, e só depois os veículos são encaminhados a seus lugares por ordem de chegada. Recebemos uma placa com uma identificação alfanumérica e um QR Code para baixar o aplicativo (temporário, que não vai ocupar espaço em seu HD).

O certo é todos os ocupantes baixarem, porque ele vai ordenar a fila do banheiro (e, portanto, pergunta o gênero da pessoa).  Por meio dele também podem ser feitos pedidos de combos de pipoca e refri, e comidas da praça de alimentação.

A tela permite uma razoável visibilidade, mas não sei como seria com quatro pessoas no carro. O som via rádio FM é bom (e vai depender mais do seu equipamento veicular), mas interferências externas por vezes irritam, como gente que liga os faróis sabe-se lá para que e os atendentes indo aos carros levar os pedidos. No final, não é nem de longe comparável a uma sala de cinema, mas como programa nesta quarentena, está valendo.

Vereditos

O Homem Invisível: 8/10

Elisabeth Moss carrega o filme nas costas, mas há que se destacar também o roteiro e direção de Leigh Whannell. Há alguns senões, mas de modo geral é um filme bem satisfatório em meio a tantos que se preocupam mais com uma agenda que com o produto em si.

Cine Movie Car: 7/10

A iniciativa é muito válida, coloca Indaiatuba à frente de Campinas – que só vai ter seu cinema drive-in a partir do próximo final de semana – , mas não acho que conseguirá suprir a ausência das salas tradicionais. Muitos detalhes acabam prejudicando a imersão cinematográfica, que também não conseguimos em casa. Mas para um passeio com a família nestes meses de isolamento, pode ser uma boa opção para comer fora e ver um filme-pipoca, mesmo que já meio velho.

 

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