Review | O Professor Substituto

É sempre uma grata surpresa quando um thriller contundente e atual como este O Professor Substituto (o título original L’Heure de la Sortie quer dizer A Hora da Saída) aporta em nossas salas de cinema.

Há aqui um apelo comercial que abrange o filme a diversos públicos, isso graças à direção precisa de Sébastien Marnier (Irrepreensível) que mostra que além de bom diretor de elenco também sabe como conduzir um suspense até o final sem entregar nada mastigado, mas também sem explicar demais. É com essa tal constância na subjetividade e na manutenção do suspense que Marnier nos mantém envoltos em uma trama repleta de mistério.

Na história, um professor de um respeitado colégio se joga da janela sob os olhares assustados de seus alunos. Pierre (Laurent Lafitte, de Elle), o professor substituto de francês, rapidamente nota o comportamento estranho de um grupo de seis alunos liderados por Apolline e Dimitri (os ótimos Luàna Bajrami e Victor Bonnel), que são extraordinariamente inteligentes e admirados por todos os professores. Da curiosidade à obsessão, Pierre tentará descobrir o segredo destes jovens.

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Quando Pierre parte em sua empreitada, coisas cada vez mais instigantes se apresentam – como os filmes amadores dos jovens – e ficamos entre a dúvida de uma possível paranoia de Pierre ou o jogo dos alunos. Nestes momentos, Marnier vai nos municiando com uma estranheza que vai desde a inserção de elementos quase sobrenaturais – como as baratas e os olhares julgadores de um céu quase divino – até momentos mais expositivos, como as letras ácidas de Patti Smith, apresentadas em coral pelos outrora frios alunos.

Ao final, O Professor Substituto se mostra uma das grandes surpresas do ano por ser um ótimo exercício de suspense, mas principalmente, por ter um discurso ambiental de forte teor crítico no qual lança o questionamento por meio daqueles jovens: ainda somos bem vindos neste mundo? Quando será a nossa hora de saída?

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Angelo Cordeiro

Paulistano do bairro de Interlagos e fanático por Fórmula 1. Cinéfilo com obsessão por listas e tops, já viram Alta Fidelidade? Exatamente, estilo Rob Gordon. Tem três cães: Johnny, Dee Dee e Joey, qualquer semelhança com os Ramones não é mera coincidência, afinal é amante do bom e velho rock'n'roll. Adora viajar, mas nunca viaja. Adora futebol, mas não joga. Adora Scarlett Johansson, mas ainda não se conhecem. Ainda.

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