Review | Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal

Ted Bundy é provavelmente o serial killer mais famoso e temido da história dos Estados Unidos. O assassino que fez sua fama nos anos 70 já teve sua história contada em um telefilme, documentários, livros e em uma série documental na Netflix. Sobram materiais sobre seus atos, mas nenhum é conclusivo.

Neste Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal, o diretor Joe Berlinger – que também dirigiu a série documental Conversando com um Serial Killer: Ted Bundy – sai da mesmice das cinebiografias sobre assassinos em série, que frequentemente focam nos assassinatos sanguinolentos, para retratar Ted Bundy pelos olhos de sua apaixonada esposa Elizabeth (Lily Collins, de Tolkien), que acreditava piamente que o marido seria incapaz de cometer as atrocidades às quais era acusado.

O roteiro de Michael Werwie é confuso e ignora momentos-chave da linha do tempo criminosa de Bundy – por isso, recomendo que vejam a série documental antes deste longa para preencher tais lacunas. No início, o filme é fragmentado e apressado, não somos apresentados aos personagens de acordo, todos surgem de maneira brusca na história e, à exceção do próprio Ted Bundy (interpretado por um competente Zac Efron), poucos têm a agregar. Kaya Scodelario, Haley Joel Osment, John Malkovich e até Jim Parsons têm participações pontuais que não valem maiores comentários.

Dentre eles, Lily Collins é quem mais se destaca, mas é constantemente engolida pela presença de Efron, interpretando um personagem muito mais interessante aos olhos do diretor – e aos nossos, obviamente. Dessa forma, a opção por contar a história de Bundy sob o olhar da esposa acaba tirando muito do charme do estudo de personagem que poderia ter sido feita sobre o serial killer, que esbanja charme, simpatia e sedução de maneira dissimulada. Sendo assim, faltam conflitos internos tanto dele quanto da esposa, a tecla batida é sempre a mesma: ele diz ser inocente e a esposa acredita.

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A “passada de pano” ao não mostrar os crimes brutais que Bundy cometia pode ser interpretada como uma romantização do assassino, mas vejo como uma abordagem que tenta trazer para nossa percepção a capacidade que Bundy tinha em converter todos a seu favor e sempre sair ileso, até mesmo nas mais absurdas situações. Com isso, os momentos finais no tribunal ganham muito mais em tensão quando o réu é colocado à prova e deve se defender diante de todos, mesmo que já saibamos seu final.

Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal não é um filme descartável, é uma tentativa de lançar um olhar diferente para o cotidiano deste serial killer tão misterioso – as próprias fitas de sua série documental são pouco elucidativas. Além disso, Zac Efron está cada vez mais distante de seus papéis de início de carreira, contudo, ao final, o grande problema fica para o roteiro, que não consegue se aprofundar nos personagens.

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